«O derradeiro testemunho do autor inglês, escrito contra o “estado de esquecimento” a que a civilização contemporânea está submetida hoje em dia, por via do aparente triunfo de “uma espécie de amnésia cívica e histórica”, começa pelo poder da linguagem: “Uma língua falada é um corpo, uma criatura viva (…), e o lugar onde esta criatura reside é tanto o que não se diz quando o que se diz.” Segundo ele, vivemos num mundo onde impera o “‘comércio de palavras’ mortas”, que é preciso contrariar, dando lugar à 2confabulação de palavras”, deixando que elas se unam por nexos ainda desconhecidos, escutando o “regresso do pré-verbal”. Ver e escutar são assim instrumentos de aferição da realidade não ofuscada “pela tirania global do capitalismo financeiro”, acolitada pela mediática indústria do entretém. A arte é uma porta de entrada para o mundo não contaminado pela vulgaridade, contrariando desse modo a “solidão histórica” do tempo presente.» [José Guardado Moreira, Expresso, E, 20/10/2018]
De John Berger, a Relógio D’Água editou também Para o Casamento.
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