«e as palavras surgem,
peças minúsculas, umas ao lado das outras,
coesas até à imprecação.
:
Como escrevia Heraclito? onde? nas margens de que rio? nas praias de que mar? no alpendre de que casa? na sombra de que parreira? de que pinheiro? ou não escrevia? falava ao ouvido do adolescente sentado na caruma, enquanto lhe passava a mão pelo cabelo e as formigas lhe subiam pelo branco da túnica?
Por momentos, Heraclito calava‑se.
Hoje, perguntamo-nos o que é, o que era, esse silêncio.
E enchemo-lo de palavras.
O adolescente, porém, só ouvia o zumbido das vespas e o movimento da mão a afugentar uma mosca.»
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