«O problema das dívidas públicas europeias, e mais genericamente das finanças públicas do Continente, é revelador de uma outra grande contradição que, mais cedo ou mais tarde, poderá ser politicamente explosiva. Os países da Europa Ocidental, matriz da actual União Europeia, criaram um modelo de protecção social e redistribuição de rendimentos — o “modelo social europeu” (que, apesar da designação, não tem um formato único) — que muito favoreceu a sua coesão social e se tornou num ex‑líbris de estágio superior de desenvolvimento económico e social, muitas vezes confrontado com o modelo mais darwiniano do capitalismo norte‑americano. Só que uma parte desse modelo socialmente superior foi indirectamente financiado pelos EUA, através do “guarda‑chuva” de segurança que proporcionam à Europa e que, dispensando os países europeus de investir em defesa o que seria necessário para garantirem a sua própria segurança, lhes permitiu desviar mais recursos para financiar o seu distintivo modelo social. Por outro lado, a arquitectura financeira do modelo baseou‑se também muito numa favorável dinâmica demográfica, que garantia um elevado rácio de contribuintes por beneficiário do processo redistributivo.» [Do Prefácio]
Este livro reúne artigos e conferências sobre temas como a crise do euro e da UE, a política económica da Alemanha, o Brexit, as relações entre Portugal e Espanha, a dívida, a “improvável geringonça” e as relações conflituosas entre Trump e a democracia.
Sem comentários:
Enviar um comentário