Bruno Vieira Amaral escreve no Observador, a propósito dos 50 anos da publicação de O Delfim, de José Cardoso Pires:
«O certo é que, a partir daí [da publicação de Histórias de Amor], Cardoso Pires explorou essa via, procurou uma forma de expressão portuguesa, mas que não se confundisse com a retórica do neo-realismo e o que considerava ser o “ruralismo” intrínseco à prosa da generalidade dos escritores de então.
A esse novo estilo, que haveria de desembocar n’O Delfim, Cardoso Pires não chegou sem dificuldades e angústia. A segurança formal patente nos seus livros era feita de persistência, de muito trabalho e rigor, mas também de dúvidas, de hesitações e de insegurança. As personagens, resultado de muitas colagens, de múltiplas fontes, eram construídas ao pormenor. Os lugares físicos tinham direito a uma atenção semelhante, dos nomes aos mapas que ele próprio fazia questão de desenhar. […]
Hoje, cinquenta anos após a publicação, o livro, esse, continua a pairar sobre nós, menos esquecido do que alguns pensam, como retrato lúcido do estertor de uma sociedade com sonhos apodrecidos de um lado e privilégios moribundos do outro.» [Bruno Vieira Amaral, Observador, 29/5/2018]
O texto completo pode ser lido aqui.
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