15.5.18

Sobre Alguma Coisa Tem de Chover, de Karl Ove Knausgård




«Karl Ove tem 19 anos e um desejo imenso de ser escritor, ainda que saiba que não tem uma imaginação capaz de gerar intrigas. Também lhe falta um mundo que não derive apenas do seu interior. Hamsun é, por isso, a origem de uma das epifanias mais importantes da sua vida, que se há de refletir na sua escrita, principalmente na que o irá consagrar — aquela que usará nos seis volumes de A Minha Luta, dos quais a Relógio D’Água já editou cinco.
O quinto volume, Alguma Coisa Tem de Chover, começa com a chegada de Knausgård a Bergen, cidade que abandonará 14 anos depois. São 600 páginas sobre um jovem à procurar de um lugar na literatura, e Hamsun consta das primeiras: “Tinha muito pouco dinheiro e decidi-me por um livro de bolso (…) Custou-me trinta e nove coroas e meia, pelo que me restavam doze coroas, com as quais comprei um bom pão na padaria (…).” A cabeça e o estômago. A epifania depois. “[Em Fome] Não sucede nada de especial, ele limita-se a deambular um pouco pela cidade, tem fome e pensa nisso. Eu poderia escrever também dessa maneira (…).”» [Cristina Margato, E, Expresso, 12/5/18]

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