6.4.18

Sobre A Sibila, de Agustina Bessa-Luís




No âmbito da iniciativa Ano Agustina, em que, mensalmente, ao longo de 2018, a Comunidade Cultura e Arte publicará uma crítica a um dos livros de Agustina Bessa-Luís, do catálogo reeditado pela Relógio D’Água, no dia 27 de Fevereiro foi publicado o texto de Tiago Mendes sobre «A Sibila»:

«Acompanhamos a história de uma família, com particular foco em Quina. Conhecemos os proprietários da Casa da Vessada, com as suas histórias de vida, recordadas aos solavancos por meio de técnicas narrativas que se assemelham a mnemónica espontânea. Conhecemos o dinâmico equilíbrio entre os estratos sociais, a clivagem de poderes e papéis entre homens e mulheres, a procura dos confortos adequados às expectativas. Num ambiente rural, muito cru, em que a família e a propriedade se assumem como conceitos absolutamente incontornáveis, conhecemos as vidas de uma série de personagens que se vão ligando a Quina e aos seus familiares, e determinando aos poucos o destino destes.

Na escrita de Agustina, são sucessivas as tentativas de compreensão do que não pode ser compreendido; como se a autora não desistisse de mapear uma personalidade, uma história mental, espalmar no papel os anseios e as alegrias, as expectativas, os medos, as paixões, a sinceridade e o egoísmo. Somos demasiado complexos e contraditórios para sermos descritos por palavras – mas Agustina tenta-o, guerrilha contra as limitações da linguagem, por vezes fazendo incursões por frases longas e difíceis, não lhes querendo largar o fio; servindo-se dessa densidade para espelhar a complexidade do humano.» [Tiago Mendes, Comunidade Cultura e Arte, 27/2/2018, texto completo em https://www.comunidadeculturaearte.com/ano-agustina-a-sibila-uma-proposta-de-humanidade/ ]

Sem comentários:

Enviar um comentário