6.4.18

Sobre Para o Casamento, de John Berger




«Uma vez perguntaram ao britânico John Berger [1917-2017] se a sua escrita era mais influenciada pela literatura ou pela pintura. Depois de pensar um pouco, ele respondeu que era sobretudo influenciada pelo cinema. A pergunta foi feita em 2002 por um colega escritor, o canadiano Michael Ondaatje, e não por acaso essa afirmação ecoa ao ler Para o Casamento, romance de 1995 que conhece edição portuguesa pela Relógio D’Água no início de 2018, um ano após a morte de Berger.
A primeira impressão, e a mais óbvia, é a de uma ficção fortemente contaminada pela poesia (…)

Através de alegorias, da consulta a Homero, Sófocles, Epicuro, à Bíblia, aos construtores de Veneza ou de Atenas, John Berger transforma o que seria um livro negro num luminoso e pungente poema à volta de uma pergunta. Como viver o tempo presente? Não dá respostas, não é essa a sua missão, mas aponta pistas. Estamos sempre a viver nele, condenados ao nosso presente. “... o futuro de uma história, tal como Sófocles sabia, é sempre o presente. O casamento não começou. Vou contar-vos como foi. Todos dormem ainda.”» [Isabel Lucas, ípsilon, Público, 6/4/2018]

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