16.4.18

Sobre Marca de Água, de Joseph Brodsky




«O livro de Brodsky é todo um género à parte. Marca de Água faz parte desse escasso número de obras que redefinem, desgovernam, ou desprezam as regras estabelecedoras do cânone para determinado género. Livro de viagens, sem dúvida, visto que o seu fulcro é a deslocação no espaço, e Veneza constitui o palco de todo o seu labor; mas tudo o resto é, quase ponto por ponto, desmontar os contrafortes da literatura de viagens. Sem que haja uma tentativa demasiado estrídula de o fazer, Marca de Água procede como se estivesse sempre noutros patamares, sem qualquer reverência para com os códigos, os protocolos, as práticas que consagram a tradição. Mesmo quando parece conceder nesses convénios, há sempre sedimentos, impurezas que afectam a mistura, e tudo se torna uma viagem indisciplinada que permite fugas em todas as direcções menos a exclusividade.» [Hugo Pinto Santos, Revista Intro, 11/4/18. Texto completo: http://www.intro.pt/marca-agua-joseph-brodsky-relogio-dagua-2018/ ]

Sem comentários:

Enviar um comentário