Pedro Mexia escreveu sobre Prefácios, de Søren Kierkegaard, no Expresso
«Publicado em 1844, “Prefácios” é, como o título indica, uma colecção de introduções, embora neste caso introduções a livros inexistentes. O autor textual, Nicolaus Notabene (um dos vários pseudónimos ou quase-heterónimos de Kierkegaard), é um homem a quem a mulher faz notar que escrever livros constitui uma “requintada felicidade”, um vez que o autor dedica tanta ou mais atenção aos livros que à família. Querendo agradar à senhora Notabene, Nicolaus decide então não redigir mais livros, apenas prefácios. Prefácios a livros imaginários. O movimento que suscita estes “prefácios” é, por isso, duplo. Por um lado, trata-se de uma tentativa de resposta à dúvida sobre a “validade estética” (e não apenas estética) do casamento, assunto que muito inquietava Kierkegaard. Por outro, é a manifestação de um gozo da escrita que se converte em teoria dos géneros textuais. (…) Zangados, lúdicos, dúcteis, estes prefácios mimetizam artigos de imprensa, textos de almanaque, elucubrações dialécticas. Um discute como fazer uma revista, e se vale a pena alguém dar-se ao trabalho. Outro imagina uma Associação para a Abstinência Total, abstinência intelectual, entenda-se, não alcoólica. Um terceiro debate a noção de “escrito edificante” (…).» [Pedro Mexia, E, Expresso, 24/3/2018]
De Søren Kierkegaard, a Relógio D’Água publicou também «Migalhas Filosóficas», «Ou-Ou. Um Fragmento de Vida (Primeira Parte e Segunda Parte)», «Temor e Tremor» e «A Repetição».
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