Uma recolha definitiva de todos os poemas de Bernardo Pinto de Almeida publicados entre 1975 e 2006, rescritos e apresentados de forma a constituírem um novo livro. Acrescentam-se aos livros antes publicados mais três inéditos, um de 1977 e dois de 2006. Fecha-se assim o ciclo de poemas anteriores ao livro A Noite (Relógio D’Água, 2006). O livro é acompanhado de um prefácio de Eduardo Lourenço e de oito desenhos de Julião Sarmento.
«O estranho de estar vivo
O estranho de estar vivo
é estar-se inundado de palavras,
não se acabar realmente com nada,
ter uma febre intensa
e uma estrela
muito alta.
O estranho de estar vivo é
caminhar de noite, insone, a nomear as coisas,
é nem sempre saber, diante da planta
o que é uma planta, diante da pedra
o que é uma pedra, diante de um homem
o que é um homem, ou o que possa ser.
O estranho de estar vivo é ter
palavras entre nós e as coisas
sem poder nomear. O estado mais puro
do estranho de estar vivo é
o tempo indiferenciado
do sonhar acordado.»
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