9.5.17

Sobre O Que Maisie Sabia, de Heny James (trad. Daniel Jonas)




«Dividida pelo tribunal entre os pais — seis meses com um, seis com o outro — Maisie desenvolve a reação típica de fingir que não vê coisas, para desencorajar as perguntas. Assim se sujeitando a ser declarada estúpida, a par com outras crueldades gratuitas que lhe impõem. (…)
“O Que Maisie Sabia” funde a voz do narrador comm a da menina, alargando a flexibilidade e a perspetiva. Sem ter a preocupação de apresentar sempre diálogo — há bastante, e por vezes longo, mas só quando as circunstâncias narrativas o justificam —, oferece-nos a ironia e a inteligência extraordinária da prosa de James sem deixar que ela se sobreponha às perceções de Maisie. Mesmo nestas, aliás, quem quiser procurar ironias de outro tipo não terá falta de material. A ironia aí tende a ser triste, como seria previsível. Ao contemplar uma solução de vida sem a governanta que no fundo é a pessoa que mais ama, Maisie sente-se culpada: “A sua consciência de assim consentir na ausência daquela tão grata figura (…) mostrara-lhe, enfim, o que os seus pais quiseram sempre dizer quando se apodavam um ao outro de ‘ser rastejante’. Ela interrogava-se se não seria ela mesma um ser rastejante ao aprender a ser tão feliz sem a presença da Sra. Wix.” Mais tarde veremos até onde ia realmente a ironia.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 6-5-2017]

Sem comentários:

Enviar um comentário