29.5.17

Sobre Inverno no Próximo Oriente, de Annemarie Schwarzenbach










«A viagem, em Annemarie Schwarzenbach, excede, porém, o ensaio de uma fuga — na geografia e no tempo, quando não em ambos simultaneamente, como é o caso vertente — às sobredeterminações biográficas, e históricas e políticas. Embora a certa altura, após ter visitado a antiga catedral de Tartus, na Síria, se interrogue, justamente, sobre “se não teria sido já […] uma espécie de fuga à Europa” que motivara os cruzados. E é verdade que, em Ur, no Iraque, a propósito de achados do terceiro milénio antes de Cristo e de depósitos sedimentares datando do “dilúvio”, o arqueólogo britânico Leonard Woolley lhe “fala amorosamente de todas estas coisas e dos acontecimentos que evoca como se tivessem sucedido na véspera”. Mas Annemarie não perde de vista a escala humana e prosaica, quando não usurpadora e nefasta, do presente. Vemos, aliás, emergir, neste livro, uma das pequenas e cómicas desgraças do nosso tempo: a industrialização do turismo dito cultural.» [Marco Santos, Público, ípsilon, 26/5/17]

Sem comentários:

Enviar um comentário