9.5.17

Sobre A Associação das Pequenas Bombas, de Karan Mahajan




«Num mundo onde no rescaldo de cada novo atentado brotam peritos e analistas a proferir, em tom sentencioso, banalidades e dislates sobre terrorismo, Mahajan levanta questões verdadeiramente perturbadoras. Por exemplo, sobre o que leva alguém a tornar-se um terrorista: Ayub começou por ser o mais ferrenho adepto da não-violência na Peace For All, uma ONG para a harmonia entre as comunidades religiosas e étnicas da Índia, e defendia um julgamento rápido e justo para os suspeitos do atentado de 1996, mas, quando deixado (e desprezado) pela namorada, Tara, esquece Gandhi e Martin Luther King e deriva para o terrorismo — no momento em que faz explodir uma bomba num mercado o seu único pensamento é “agora a Tara vai ouvir-me”.
Não menos enviesada e perversa é a lógica que toma conta do casal Khurana, que se torna líder de um grupo de apoio às vítimas de “pequenas bombas”: o sucesso da sua associação é tanto maior quanto maior for o número de vítimas, pelo que acabam por ansiar por mais atentados bombistas.» [José Carlos Fernandes, Time Out, 19-4-2017]

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