21.3.17

Sobre Yu Hua e literatura chinesa contemporânea







«Com a publicação do livro de 1996, um dos autores contemporâneos chineses mais influentes chega este mês a Portugal, pela Relógio d’Água, traduzido do original chinês por Tiago Nabais. É o primeiro dos três de Yu Hua que a editora vai publicar: o romance Viver (traduzido por Márcia Schmaltz) e o conjunto de ensaios A China em Dez Palavras (tradução de Tiago Nabais). Se a publicação de literatura chinesa é rara, mais ainda é a sua tradução do original chinês, o que está ser negociado pela Relógio D’Água para lançar outros escritores.
“A expectativa de uma literatura ‘exótica’, cheia de kung fu, yin yang e incenso não se realiza e desilude leitores e editores”, escreve-nos da China, por email, Tiago Nabais, apontando esta como uma possível razão para a distância dos leitores europeus face aos escritores chineses de hoje. O regime político pode ser outra barreira e quando o jornalismo está estrangulado, está na ficção o retrato mais livre da realidade. “O fantástico e o absurdo podem constituir formas úteis para abordar certos fenómenos da sociedade chinesa contemporânea: evacuar um milhão de pessoas para construir uma barragem, vilas que se transformam em megacidades em poucos anos ou o aparecimento de quinze mil porcos a flutuar no rio em Xangai”, aponta o tradutor, acrescentando que temas como a corrupção, as condições de trabalho, os problemas ambientais e a saúde pública preocupa autores como Yan Lianke, Jia Pingwa ou Ge Fei.
Crónica de Um Vendedor de Sangue é uma janela para a mentalidade actual da China rural, perto de Xangai.» [Catarina Moura, Time Out, 15/3/17]

Sem comentários:

Enviar um comentário