16.12.16

Sobre Breve História de Sete Assassinatos, de Marlon James




«Há pouco mais de um ano, quando o jamaicano Marlon James (n. 1970) venceu o Man Booker Prize 2015 com o extenso e muito ambicioso Breve História de Sete Assassinatos (ed. Relógio D’ Água) especulava-se acerca da sua edição em Portugal. Nenhum editor parecia querer assumir o risco de publicar um livro com mais de 600 páginas de um autor desconhecido por cá, romance com mais de 75 personagens, grande dose de violência, múltiplas vozes a reflectir diversos modos de usar o inglês, com protagonismo para a oralidade, reproduzindo diferentes sotaques e corruptelas, contágios com outras falas, com a música, e um ênfase na gíria de rua e do crime dos guetos de Kingston, capital da Jamaica, onde decorre o núcleo do livro que parte da tentativa de assassinato de Bob Marley, a lenda do reggae, em 1976. De leitura difícil mesmo para os falantes de inglês, Breve História de Sete Assassinatos levantava uma questão polémica, diziam-nos na categoria dos intraduzíveis, ou seja, dos condenados a perder parte significativa da sua essência quando passados a outra língua incapaz de ser fiel aos complexos códigos que o romance explora e sobre os quais assenta. Mas e se ele desafia os próprios códigos da língua em que foi escrito?

O facto é que Breve História de Sete Assassinatos, terceiro romance de Marlon James, acaba de ter edição em português de Portugal numa tradução corajosa de José Miguel Silva.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 16-12-2016]

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