«Le Notti Bianche passava-se numa ponte: Maria Schell
esperava o amante que partira há um ano, Marcello Mastroianni apaixonava-se por
ela, e havia música, não sei de onde vinha a música, talvez de um bar ou de uma
esplanada próxima; lembro-me de um barco no canal, e dos sinos a tocarem, e do
momento em que começava a nevar, e da rapariga a deixar cair o casaco que tinha
sobre os ombros e a correr para os braços de um dos homens. Black Narcissus:
Deborah Kerr vestida de freira, e o inesperado dos seus cabelos ruivos quando
recordava, porque aquele lugar fazia recordar coisas; Kathleen Byron a tocar o
sino do mosteiro na beira do precipício e a pintar os lábios na sua cela, a
voltar de madrugada com um vestido vermelho e o cabelo molhado; e depois a luta
final entre a jovem com o hábito branco e a jovem com o vestido vermelho, as
nuvens lá em baixo, o mosteiro erguia-se
acima das nuvens.
Em tempos pensava que
todas as histórias eram uma só, a luta entre o anjo bom e o anjo caído, e
sempre à beira de um abismo.»
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