«A escrita de
Rui Nunes tem-se aproximado de limites que vão desde a sumária abolição dos
géneros literários à mais extrema violência verbal, sem que nada exista de
gratuito nesta contida irreverência. Decidir se A Crisálida é um poema
descontínuo, um relato descontente ou uma acusação política torna-se, portanto,
uma questão ociosa. É tudo isso e muito mais. Ou muito menos: “Nem merda somos.
A merda é ainda um sinal de vida.” (…)
Rui Nunes é,
entre nós, um dos poucos sismógrafos de um “vazio [que] não para de crescer”. E
faz-nos perceber que a poesia não é um modo de redenção, ainda que a concebamos
nos moldes de Celan: “Nem um vaso, nem uma cadeira, nem uma rosa de ninguém.” A
haver um plano de salvação ou danação, ele passa por “perseguir as palavras até
não poderem respirar”.» [Manuel de Freitas, Expresso, E, 19-3-2016]
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