22.3.16

Sobre A Crisálida, de Rui Nunes





«A escrita de Rui Nunes tem-se aproximado de limites que vão desde a sumária abolição dos géneros literários à mais extrema violência verbal, sem que nada exista de gratuito nesta contida irreverência. Decidir se A Crisálida é um poema descontínuo, um relato descontente ou uma acusação política torna-se, portanto, uma questão ociosa. É tudo isso e muito mais. Ou muito menos: “Nem merda somos. A merda é ainda um sinal de vida.” (…)
Rui Nunes é, entre nós, um dos poucos sismógrafos de um “vazio [que] não para de crescer”. E faz-nos perceber que a poesia não é um modo de redenção, ainda que a concebamos nos moldes de Celan: “Nem um vaso, nem uma cadeira, nem uma rosa de ninguém.” A haver um plano de salvação ou danação, ele passa por “perseguir as palavras até não poderem respirar”.» [Manuel de Freitas, Expresso, E, 19-3-2016]

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