«11
Vinte e oito rapazes tomam banho na
praia,
Vinte e oito rapazes e todos muito
amigos;
Vinte e oito anos de vida feminina e
todos tão sós.
Ela tem uma linda casa junto à colina da
margem,
Esconde-se, bela e ricamente vestida, por
detrás dos estores.
Qual desses rapazes é que ela prefere?
Ah, o mais rústico de todos parece-lhe
belo.
Para onde vais, senhora? pois estou a
ver-te,
Chapinhas ali na água, mas estás imóvel
no teu quarto.
A dançar e a rir ao longo da praia
apareceu a vigésima nona banhista,
Os outros não a viram, mas ela viu-os e
amou-os.
As barbas dos jovens reluziam e a água
escorria-lhes pelos longos cabelos,
Pequenos jorros escorriam dos seus
corpos.
Uma mão invisível deslizou pelos seus
corpos,
Desceu trémula pelas fontes e pelos
membros.
Os rapazes flutuam de costas com os seus
ventres brancos protuberantes ao sol, não
perguntam quem se agarra a eles com tanta
firmeza,
Não sabem quem respira e se inclina
curvando-se como um arco,
Não pensam quem salpicam com a espuma.
(…)»
[Walt Whitman, Folhas de Erva, Tradução
de Maria de Lourdes Guimarães]
Sem comentários:
Enviar um comentário