«A recente
morte de Oliver Sacks privou-nos do melhor divulgador científico do nosso
tempo. Não que faltem físicos, biólogos e matemáticos capazes de transmitir o
seu saber a várias gerações de leitores. No entanto, só raramente conseguirão
gerar uma empatia idêntica à de Sacks. Porque o assunto dele era o humano, num
sentido direto e profundo. Neurologista, os casos que descrevia referiam-se a
alterações de funcionamento resultantes de algum evento dramático no cérebro:
drogas, traumatismo, acidente vascular. (…) Enquanto o livro anterior falava de
família e de ciência (em especial, química), aqui é o apelo da vida comum que
sobressai. Após os estudos universitários em medicina, o tímido nativo do
bairro londrino de Willesden começa a carreira profissional e emigra para os
EUA. Ainda adolescente percebera a sua atração por rapazes, mas cometera a
imprudência de contar ao pai; os efeitos deixaram-lhe um peso eterno de
vergonha. Virão depois anos de experiências com drogas, musculação, motocicletas
e sexo, seguidos por um período de abstinência que durará três décadas e meia.
Esta fase coincidiu com o sucesso literário e profissional de Sacks, e ele
descreve-a como gratificante, mas muitos leitores acharão o caso tão estranho
como qualquer um dos que relatou. Na medida do possível, como sempre, ele
explica.» [Luís M. Faria, E, Expresso, 17-10-15]
20.10.15
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