«Este desconcertante romance de Jenny Offill é daqueles livros que não
pode ser reduzido a uma sinopse. Porque a sinopse seria qualquer coisa como
isto: um casal aproxima-se, descobre o amor, surge uma família, nasce uma
criança, o homem tem um caso amoroso, o casamento fica em risco, a hipótese de
uma rutura definitiva insinua-se, tal como a da improvável salvação. No século
XIX, talvez se fizesse disto um drama burguês. No século XXI, é só um enredo
vulgar, esgotadíssimo.
Esqueçamos então a sinopse, a trama, a “história”. Porque o estranho
sortilégio em que este romance nos enreda não nasce da matéria narrativa, mas
da narração propriamente dita. (….)
Na verdade, Departamento de Especulações revela-se tão mais
verdadeiro quanto mais descontínuo, disperso e aparentemente aleatório. Talvez
porque se aproxima, assim, do caos que é a vida.» [José Mário Silva, Expresso,
revista E]
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