«O Separar das Águas e Outras Novelas, de Hélia Correia (n. 1949), junta neste volume o livro de estreia —
o que dá o título ao conjunto — com Villa
Celeste e Soma,
três novelas de 1981, 1985 e 1987, respectivamente. Era bom que o Prémio
Camões, que este ano lhe foi atribuído, contribuísse para chamar a atenção para
a obra de uma autora avessa a holofotes e uma das grandes vozes da literatura
portuguesa contemporânea. Os que descobriram Hélia Correia há poucos anos,
fosse num romance como Adoecer,
ou nos poemas magníficos de A
Terceira Miséria, queixando-se da dificuldade em encontrar os livros mais
antigos, podem agora começar do princípio. Quando pela primeira vez se
publicou, O Separar das Águas trouxe consigo uma voz singular,
devedora de algum realismo fantástico, porém isento de mimetismo. A obra futura
deu outra tonalidade à dimensão profética, mas, por enquanto, toda a ênfase
fará de Vilerma um retrato do estupor do país que vivia entalado entre o
estertor da República, as aparições de Fátima e o triunfo dos bolcheviques. Uma
escrita rica de harmónicas acentua a polifonia do discurso narrativo, qualquer
que seja a realidade ficcionada (e neste caso são três, sem correlação entre
si) pela trilogia. Exempla.r» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, a propósito
de crítica sua na revista Sábado de 13 de Agosto de 2015]
Sem comentários:
Enviar um comentário