«A escrita angustiante (mas por vezes divertida) de Offill insinua-se,
não revela, é mantida sob controlo mesmo quando tudo parece desmoronar-se, e é
aqui que a sua ironia se faz sentir de vez em quando. Ao não dar um sentido
óbvio aos fragmentos, transcende o seu próprio sentido, e nisto (sobretudo
quando narra pequenas histórias de meia dúzia de linhas) assemelha-se à escrita
de Lydia Davis, como neste exemplo: “No parque infantil, uma mulher explica o
seu dilema. Encontraram finalmente uma moradia de três andares com jardim, em
óptimo estado, num bairro encantador e longe de escolas problemáticas. Mas
agora ela conclui que perde grande parte do dia a procurar num dos pisos
objectos que na realidade deixou num dos outros dois.”
Jenny Offill, que ensina escrita criativa em várias universidades
norte-americanas, conseguiu com Departamento
de Especulações ultrapassar as “regras”, repetidas quase até à
exaustão, da mais recente ficção americana, e escreveu um romance singular
difícil de classificar.» [José Riço Direitinho, Público, ípsilon,
25-09-2015]
Sem comentários:
Enviar um comentário