Pedro
Mexia escreveu sobre O Anjo Ancorado, de José Cardoso Pires (prefácio de
Mário de Carvalho), que a Relógio editou recentemente, a par de A Balada da
Praia dos Cães (pref. António Lobo Antunes), O Delfim (pref. Gonçalo
M. Tavares) e De Profundis, Valsa Lenta (pref. João Lobo Antunes).
«Além do mais,
Guida e João estão fora do seu território, aquela comunidade vê-os como
intrusos, inimigos de classe até, há uma desconfiança e um “medo que se fez
hábito”. De modo que Peniche deixa de ser uma coordenada geográfica para se
tornar uma sugestão carcerária. Cardoso Pires aglutina e depois quebra os
acontecimentos, escassos, em fragmentos visuais e episódios simbólicos mas
subtis, como uma aventura de caça submarina ou a venda de um passarinho. Cada
curto capítulo sugere um clima, uma incapacidade. E a prosa, muito fluente
porque muito burilada, é de um despojamento e de um rigor inatacáveis.» [Pedro
Mexia, Expresso, E, 4-7-2015]
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