Isabel Lucas
entrevistou Hanif Kureishi a propósito do lançamento na Relógio D’Água de O
Buda dos Subúrbios, o seu primeiro livro, e de A Última Palavra, ao
mais recente. (Em breve sairá também Intimidade, em nova tradução de Inês Dias.)
«“Gosto da ideia
de que as coisas sejam arriscadas, sujas; gosto de explorar o sentimento de
vergonha associado à imaginação pornográfica, de questionar a virtude, do ver o
quão selvagem é a nossa imaginação.” As palavras chegam numa voz rouca e há um
barulho que se assemelha ao de pedras de gelo, primeiro num balde e depois num
vidro, o som de um gole de bebida na boca, uma breve pausa antes de dizer que
talvez tenha mesmo dito que uma coisa para ser boa tem de ser um pouco pornográfica.
Fala ao telefone desde Londres, onde vive na zona oeste de uma cidade que tem
levado para os seus romances, contos, ensaios, peças de teatro, argumentos de
cinema. A Inglaterra na sua diversidade étnica e cultural, nos contrastes entre
subúrbio e a metrópole, nos que vivem à margem, os rebeldes pelo que arriscam e
não pelo “modo pop” em que a rebeldia se transformou. “Ser rebelde é saber que
se tem muito a perder em defesa de uma ideia, de uma atitude. Hoje até nisso há
vazio.”»
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