3.12.14

Sobre Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento, de Alice Munro




«Tal como essa mulher, presa a vida inteira a um episódio antigo, outras personagens estão suspensas da intensidade de um detalhe, que se afirma no meio da calma e da duração destas histórias extensas. Pequenos acontecimentos e observações substituem as grandes epifanias: o envelhecimento não uniforme de um corpo feminino, uma mensagem de telefone que diz o que não se disse ao vivo, o medo infundado de que alguém se suicide, uma conversa sobre Turguénev que esconde uma deslealdade, uns doentes a quem as enfermeiras dão roupas de terceiros pensando que eles nem notam. Não há muita gente a escrever tão atentamente sobre a velhice como Munro. E “O Outro Lado da Montanha”, a obra-prima deste conjunto, concebe uma brilhante coreografia tragicómica que envolve dois velhos hospitalizados, que se tornaram íntimos, e os seus cônjuges, ainda saudáveis, divididos entre a fidelidade e a solidão. Gente patética e comovente, que quer apenas sentir-se ainda viva.» [Pedro Mexia, Expresso, atual, 29-11-2014]

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