«Não são os temas mas, em casos extremos,
a recusa o que torna a escrita um audaz desafio à ordem geral. Enquanto
testemunho, primeiro que tudo. Na recusa em deixar-se comover e embalar como
outra razão inocente. Esta escrita não serve atalhos emocionais, não pretende
levar ninguém a esquecer-se de si ou das suas circunstâncias. Escava contra os
limites de si mesma. Nocturno Europeu percorre a incerta
distância que vai da Alemanha à Grécia, apalpando a fortaleza da “europa comum”
(“A mão do cego lê na proximidade da pedra. / Ou de outra mão. / A mão do cego
não acolhe, pressente. / Sinuosa irrespirável solidão.”). É um olhar intenso
que, no buraco que escava, chega a vislumbrar as frescas ruínas de Alepo, na
Síria. Capaz de abolir o tempo, este olhar pressente o seu ciclo interminável.
“Não há quando: / um homem não tem quando. / Um tempo qualquer encena o
presente. / Eis a vingança de um deus. / De Deus.”» [Diogo Vaz
Pinto, i, 09-12-2014, texto completo aqui ]
11.12.14
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