«Da mesma forma que Dostoievski,
enquanto pensador político, coloca sempre a sua última esperança numa
regeneração no seio da pura comunidade popular, o romancista de O Idiota
vê na criança a única salvação possível para aqueles jovens e para o seu país.
É o que este livro, cujas figuras mais puras são as naturezas infantis de Kólia
e do príncipe, bastaria para comprovar, mesmo que Dostoievski não tivesse
desenvolvido em Os Irmãos Karamázov o infinito poder salvífico da vida
infantil. Esta juventude ressente-se de uma infância ferida, porque foi
precisamente a infância ferida do homem e da terra russos que paralisou a sua
força. Depara-se-nos em permanência em Dostoievski a
ideia de que o espírito da criança é o único lugar onde a vida humana, saída da
vida do povo, consegue cumprir-se nobremente.» [Do Posfácio de Walter Benjamin]
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