Acaba de sair
a Ler em nova versão trimestral.
A revista
mantém a grande entrevista, neste caso ao jornalista Ferreira Fernandes, tem
textos mais longos, evita a dispersão da crítica fragmentária e publica um
conto e alguns ensaios.
A sua
abertura à literatura do «espaço lusófono» reflecte o trajecto geográfico e
cultural do director, Francisco José Viegas.
As crónicas
são em parte substituídas por textos de correspondentes.
Na escolha
inicial de 19 livros, são destacados dois da Relógio D’Água: A Planície,
de Jhumpa Lahiri; e Sobre Literatura, de Umberto Eco.
«Jhumpa
Lahiri escreve sem deixar rasto, com uma leveza perturbada e delicada, “como se
fosse um fino tapete escorregadio colocado sobre o caminho”.» (p. 3)
«A diferença
entre a erudição e o aborrecimento está largamente comprovada na
colecção de ensaios reunidos neste livro de Eco – o mesmíssimo autor de O
Nome da Rosa e de O Pêndulo de Foucault, dois notáveis
divertimentos romanescos que só um erudito podia ter escrito para fugir ao
aborrecimento (isto também explica o horror que lhes têm os leitores incapazes
de rir).» (p.3)
Nas «Leituras
Miúdas», de Carla Maia de Almeida, um dos livros escolhidos é Mary Poppins,
acabado de publicar pela Relógio D’água em tradução de José Miguel Silva: «Com
Emma Thompson no papel de P. L. Travers, um filme sobre a autora de Mary
Poppins e a sua relação com Walt Disney remete-nos para o livro publicado
em 1934. Há agora uma bela edição em português.» (p. 25)
O dossiê
principal da revista é um texto de António Mega Ferreira, retirado das suas
conferências «Viagens pela Literatura Europeia». Mega Ferreira destaca a
importância de Dostoievski e Tolstoi, e neste caso de Guerra e Paz, que
considera «um romance de uma vastidão quase sobre-humana» (p. 120).
«Tolstoi e
Dostoievski. Cada um à sua maneira, pode dizer-se qua ninguém marcou mais
profundamente o devir da forma romanesca do que estes dois escritores
colossais, autores de obras tão densas quanto inovadoras, que constituem, aos
olhos do ocidente europeu, o momento incial aparente da literatura russa.» (p.
118)
Enfim,
desejos de boa sorte para a Ler regressada a uma versão trimestral.
Sem comentários:
Enviar um comentário