«Tenho aqui
um papel com uma frase que quero que ouças, parece de um poeta, disse ela. Era
uma frase que falava da loucura. Vítor tentou tirar os óculos, mas não teve
força para levantar os braços, abriu a boca mas os seus lábios pareciam duas
pedras fechadas. O objecto deslocara-se para cima, contraindo-lhe o peito. Uma
dor insuportável apertou-lhe a garganta e as pernas tremiam como se alguém o
torturasse com um fio eléctrico. Sentiu uma picada nos olhos. Ao levar ali a
mão, apalpou uma massa esponjosa que lhe caiu até à boca, quente como um corpo
de felino. Inês correu para ele e abanou-o. Estava definitivamente cego.»
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