No artigo de José Riço Direitinho na Ler
de Novembro de 2013 sobre a atribuição do Prémio Nobel à escritora canadiana
Alice Munro pode ler-se: «Alice Munro criou uma espécie de território mítico
onde quase todas as suas histórias têm lugar, a que, e à semelhança da
geografia faulkneriana, se poderia chamar “Condado de Munro”. Este universo
valeu-lhe o Nobel. Chamar-lhe “mestra do conto” é muito pouco.»
Na mesma revista, na crónica de José
Mário Silva, que foi um dos críticos que contribuíram para a divulgação da obra
da autora ao longo dos últimos anos, diz-se: «Uma leitura menos voraz revela,
porém, maravilhosas subtilezas que agitam as histórias pela calada, subterraneamente,
iluminando os textos por dentro. É uma sofisticação rara, em surdina, que sabe
conferir o peso certo a uma angústia, a uma perda, a uma epifania (por exemplo,
a noção de que a vida se perdeu ou desviou, algures, apagando possibilidades
que um gesto, muitos anos mais tarde, pode evocar sem aviso).
Que o Nobel premeie uma escritora assim é causa de desalento para alguns. Eu, pela minha parte, rejubilo.»
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