No suplemento Atual do Expresso
de 20 de Julho de 2013, Pedro Mexia escreve sobre Trabalhos de Casa, de
Rogério Casanova: «Estas figuras vêm todas do “jornalismo literário”
anglo-saxónico; não são académicos a tempo inteiro nem resenhistas toca e foge,
mas escritores de “ensaios curtos” (“curtos” mas extensíssimos para as
dimensões actualmente em uso nos jornais portugueses). Foram esses críticos que
formaram Casanova, foi com eles que aprendeu o discernimento, a clareza, a
persuasão, a eufonia, a originalidade, a graça. O ensaio curto é um exercício
de estilo argumentado, que se baseia em descrições vívidas, raciocínios ágeis e
avaliações ousadas. É uma guerra ao cliché. “Ter razão” não é de todo
fundamental: Casanova gosta de críticos que se enganam, desde que sejam
interessantes e não se tornem prescritivos como Wood (com o seu estreito
conceito de “realismo”) ou Bloom (com o seu freudismo hierarquizante). (…) Os
ensaios críticos de Casanova, que dependem muitíssimo do formato longo, vivem
de sinopses exaustivas e criativas, de raciocínios densos, de apartes hilariantes,
de remates incisivos e de um conhecimento exaustivo da bibliografia. Embora
desenvolvam várias ideias ou até teorias, os textos valem desde logo pela
performance verbal, em parágrafos que acumulam bizarrias do enredo ficcional
com hipóteses interpretativas pessoalíssimas, às vezes num exibicionismo
inevitável.»
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