«Porque
Casanova é, na genuína acepção do termo, um iconoclasta. Mesmo alguns autores
que aprendemos a associar ao seu nome, como Wood (que traduziu), são assim
descritos: “No seu melhor James Wood é um crítico pavão (…); mas acerta mais
vezes do que falha” (p.257).
Não quer isso
dizer que R. Casanova exerça a crítica bulldozer. Mas o que pratica parece estar
em vias de extinção: uma crítica de notável amplitude e inusual proficiência,
capaz de ser apelativa sem relaxar; que é incisiva sem ter de lavar roupa suja,
nem comprometer a tão descurada forma. Esta grande prosa parece ter levado à
letra o conselho de Pound aos poetas: “fazê-lo novo”. Casanova é, definitivamente,
aquilo que, algures, chama “crítico-escritor”. Por isso, não pertence a
qualquer casta de crítico actualmente em stock,
porque – usando uma metáfora mimética das suas recorrências desportivas – está
demasiado longe do pelotão: isolado, prestes a cruzar a meta. Mas recusará, com
grande probabilidade, a camisola. Basta-lhe a corrida. (…) Diferentemente do
que sucede com a generalidade dos críticos, o que está aqui em causa é, além do
mais – sobretudo, dir-se-ia –, uma teoria do romance.» [Hugo Pinto Santos, Time
Out, 10-07-2013]
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