3.6.13

A Educação Sentimental, de Gustave Flaubert





«Na segunda parte d’A Educação Sentimental, Jacques Arnoux já não é o proprietário do Art Industriel (estabelecimento híbrido [em Montmartre] que incluía um jornal de pintura e uma loja de quadros). Quando Frédéric o encontra na sua casa nova na rua Paradis-Poissonnière, explica-lhe porque mudou de indústria:

“— Que fazer numa época de decadência como a nossa? A grande pintura passou de moda! Aliás, pode meter-se a arte em tudo. Sabe, eu aprecio o Belo! Um dia destes hei-de levá-lo à minha fábrica.
E quis mostrar-lhe, imediatamente, alguns dos seus produtos no armazém da sobreloja.
As travessas, as terrinas, os pratos e as saladeiras enchiam o sobrado. Encostados às paredes encontravam-se largos mosaicos para casas de banho e gabinetes de toilette, com temas mitológicos em estilo Renascença, enquanto, no meio, uma espécie de estante dupla, que chegava ao tecto, servia de suporte a recipientes para guardar gelo, a vasos para flores, a candelabros, a pequenas floreiras e a grandes estatuetas polícromas representando um negro ou uma pastora vestida à pompadour. As explicações de Arnoux aborreciam Frédéric, que tinha frio e fome.”

Deixemos, pois, Frédéric cear e afastar as mágoas do seu amor-próprio beliscado pela indiferença da senhora Arnoux, mas só depois de sublinhar os dois pensamentos modernos do negociante de faiança: meter a arte em tudo; apreciar o Belo!» [a propósito de A Educação Sentimental, de Gustave Flaubert, no blogue Malone Meurt]

Sem comentários:

Enviar um comentário