Marly de Oliveira, Clarice Lispector e Nélida Piñon
O Jornal
de Letras, Artes e Ideias de 3 de Abril publica um extenso dossiê sobre
Clarice Lispector e a sua obra, a propósito da exposição A Hora da Estrela,
recentemente inaugurada na Fundação Calouste Gulbenkian.
Carlos Mendes
de Sousa, estudioso da obra de Clarice Lispector, autor de uma sua biografia e
de um livro que vai sair em breve no Brasil, Clarice Lispector. Pintura,
fala-nos do percurso da obra da autora de Perto do Coração Selvagem em
Portugal.
O dossiê tem
artigos de Maria Leonor Nunes («A Hora da Estrela. Palavras Expostas»), Affonso
Romano de Sant’Anna («Lembranças de um convívio») e de Alberto Dines («A
escritora nos jornais»).
Particularmente
interessante é o texto de Nélida Piñon, escritora brasileira que foi a amiga
que segurou a mão de Clarice quando morreu: «Clarice era assim. Ia direto ao
coração das palavras e dos sentimentos. Conhecia a linha reta para ser sincera.
Por isso, quando o arpão do destino, naquela sexta-feira de 1977, atingiu-lhe o
coração às 10h20 da manhã, no Hospital da Lagoa, paralisando sua mão dentro da
minha, compreendi que Clarice havia afinal esgotado o denso mistério que lhe
frequentara a vida e a obra. E que embora a morte com sua inapelável autoridade
nos tivesse liberado para a tarefa de decifrar seu enigma — marca singular do
seu luminoso génio —, tudo nela prometia resistir ao assédio da mais
persistente revelação.»
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