Trinta anos
depois da edição de O Amor Incerto [também publicado pela Relógio D’Água,
uma obra em que a autora se debruça sobre o amor maternal: é um instinto de «natureza
feminina» ou resulta de um comportamento social, variando ao longo das épocas e
dos costumes?] assiste-se a uma verdadeira guerra ideológica subterrânea cujas
consequências para as mulheres não são ainda inteiramente perceptíveis. O
regresso em força do naturalismo, que realça de novo o conceito de instinto
maternal constitui, na opinião de Elisabeth Badinter, um perigo para a
emancipação das mulheres e a igualdade dos sexos. Perante a insistência com que
se afirma que uma mãe deve dar tudo ao seu filho, o seu leite, tempo e energia,
é inevitável que muitas mulheres hesitem, e recuem até, perante tais
obstáculos. Algumas delas encontram a plena realização na maternidade, mas um
número crescente, pelo menos nas sociedades ocidentais, acabam mais tarde ou
mais cedo por fazer um balanço dos prazeres e dos sacrifícios que as aguardam.
Num dos pratos da balança está uma experiência insubstituível, o amor dado e
recebido e a importância de transmissão. No outro, as frustrações e stress e
por vezes o sentimento de fracasso. Se numerosas mulheres europeias decidem não
ter filhos, é porque tencionam realizar-se à margem da maternidade, tal como
ela lhes é imposta. Muitas outras decidem não desistir de ser mães defendendo
os seus desejos e a sua vontade contra o discurso de culpabilidade que persegue
as mulheres que rejeitam a maternidade enquanto sacrifício.
5.3.13
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