6.3.13

A Relógio D’Água na revista Ler de Março de 2013






Rogério Casanova escreve sobre Vladimir Nabokov: «A ideia de organização narrativa como preenchimento de uma fórmula tem um vínculo formal com a paródia, e Rei, Dama, Valete (pela primeira vez em tradução portuguesa) pode ler-se também como uma revisitação de Madame Bovary, uma intenção sinalizada no texto por várias referências semicrípticas que, como o autor-professor nos diz, “os bons leitores não deixarão de detetar”. (…) Quem arriscar a imponência intoxicante de Rei, Dama, Valete (…) é alertado ainda no alpendre para a “composição refinada e exultante” desta “fera”, que o autor elege como “o mais alegre” de todos os seus livros. Estamos, portanto, em boas mãos. Devidamente reconfortado, o leitor avança para uma história que depressa se revela o que o título já insinuava: um dos habituais triângulos nabokovianos, em que a integridade geométrica é mais tarde ou mais cedo comprometida pela incompetência dos respetivos vértices.»

 


José Riço Direitinho escreve sobre É assim Que A Perdes, de Junot Díaz: «É assim Que A Perdes é um livro sobre as relações entre o amor e perda, narradas com sentido de humor, e que deixam a esperança de que o toque do amor é sempre “para sempre”.»

 


Filipa Melo escreve sobre Irène Némirovsky: «Aclamada em vida, esquecida durante 60 anos e recuperada graças a Suite Francesa. A Relógio D’Água está a publicar a sua obra. (…) A dúvida é premente: até que ponto a carga emocional e a complexidade da personalidade, da vida e da morte de Irène Némirovsky, um dos 75 mil judeus enviados da França para os campos nazis, influenciou, por exemplo, a atribuição póstuma de um Renaudot e poderá ofuscar uma apreciação crítica estritamente literária? O destino dos judeus na Europa no século XX, a Shoá (significa “calamidade” em iídiche) ou Holocausto (de origem grega, significa “sacrifício pelo fogo”) permanecem centrais na problemática mais profunda e essencial da cultrua europeia. O suicídio de Paul Celan, Primo Levi, Jean Améry, Stefan Zweig ou Walter Benjamin ensombram para sempre a discussão sobre as potencialidades da expressão artística. É inegável que a maior parte da força das ficções de Némirovsky, tal como a maior parte das críticas que lhe são feitas, advém da exposição das suas circunstâncias feita na atualidade. Em 1933, Irène escreveu no diário: “Existem suficientes recordações e poesia na minha vida para compor um romance.” De facto, poucas obras como a dela se relacionam de forma tão indestrinçável com a biografia do seu autor.»

 

Num artigo sobre a Feira do Livro de Bolonha, Carla Maia de Almeida refere Maria Gripe, vencedora do Prémio Hans Christian Andersen na categoria de escrita, em 1974, «de quem a Relógio D’Água traduziu Os Filhos do Vidreiro, um romance imbuído do simbolismo dos contos de fadas».

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