Rogério
Casanova escreve sobre Vladimir Nabokov: «A ideia de organização narrativa como
preenchimento de uma fórmula tem um vínculo formal com a paródia, e Rei,
Dama, Valete (pela primeira vez em tradução portuguesa) pode ler-se também
como uma revisitação de Madame Bovary, uma intenção sinalizada no
texto por várias referências semicrípticas que, como o autor-professor nos diz,
“os bons leitores não deixarão de detetar”. (…) Quem arriscar a imponência
intoxicante de Rei, Dama, Valete (…) é alertado ainda no alpendre para a
“composição refinada e exultante” desta “fera”, que o autor elege como “o mais
alegre” de todos os seus livros. Estamos, portanto, em boas mãos. Devidamente
reconfortado, o leitor avança para uma história que depressa se revela o que o
título já insinuava: um dos habituais triângulos nabokovianos, em que a integridade
geométrica é mais tarde ou mais cedo comprometida pela incompetência dos
respetivos vértices.»
José Riço
Direitinho escreve sobre É assim Que A Perdes, de Junot Díaz: «É
assim Que A Perdes é um livro sobre as relações entre o amor e perda,
narradas com sentido de humor, e que deixam a esperança de que o toque do amor é
sempre “para sempre”.»
Filipa Melo
escreve sobre Irène Némirovsky: «Aclamada em vida, esquecida durante 60 anos e
recuperada graças a Suite Francesa. A Relógio D’Água está a publicar a
sua obra. (…) A dúvida é premente: até que ponto a carga emocional e a
complexidade da personalidade, da vida e da morte de Irène Némirovsky, um dos
75 mil judeus enviados da França para os campos nazis, influenciou, por exemplo,
a atribuição póstuma de um Renaudot e poderá ofuscar uma apreciação crítica
estritamente literária? O destino dos judeus na Europa no século XX, a Shoá
(significa “calamidade” em iídiche) ou Holocausto (de origem grega, significa “sacrifício
pelo fogo”) permanecem centrais na problemática mais profunda e essencial da
cultrua europeia. O suicídio de Paul Celan, Primo Levi, Jean Améry, Stefan
Zweig ou Walter Benjamin ensombram para sempre a discussão sobre as
potencialidades da expressão artística. É inegável que a maior parte da força
das ficções de Némirovsky, tal como a maior parte das críticas que lhe são
feitas, advém da exposição das suas circunstâncias feita na atualidade. Em
1933, Irène escreveu no diário: “Existem suficientes recordações e poesia na
minha vida para compor um romance.” De facto, poucas obras como a dela se
relacionam de forma tão indestrinçável com a biografia do seu autor.»
Num artigo
sobre a Feira do Livro de Bolonha, Carla Maia de Almeida refere Maria Gripe,
vencedora do Prémio Hans Christian Andersen na categoria de escrita, em 1974,
«de quem a Relógio D’Água traduziu Os Filhos do Vidreiro, um romance
imbuído do simbolismo dos contos de fadas».
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