O livro A
Terceira Miséria, de Hélia Correia, foi o escolhido pelo júri do Prémio Correntes
d’Escritas, que este ano distingue uma obra de poesia.
O Prémio foi
hoje anunciado no encontro literário, que se realiza na Póvoa de Varzim, e será
entregue dia 23 de Fevereiro, na Sessão de Encerramento.
O júri foi
constituído por Almeida Faria, Carlos Vaz Marques, Helena Vasconcelos, José
Mário Silva e Patrícia Reis. Entre os outros finalistas, contava-se também
Fernando Guimarães, com As Raízes Diferentes, e Bernardo Pinto de
Almeida, com Negócios em Ítaca, e José Agostinho Baptista, Manuel
António Pina, Armando Silva Carvalho, Ferreira Gullar e Luís Filipe Castro
Mendes.
Hélia Correia
nasceu em Lisboa, em 1949. Licenciada em Filologia Românica, foi professora do
ensino secundário, tendo também feito um curso de pós-graduação em Teatro
Clássico. Poetisa e dramaturga, foi enquanto ficcionista que Hélia Correia se
revelou como um dos nomes mais importantes e originais surgidos durante a
década de 80, ao publicar, em 1981, O
Separar das Águas.
Na Relógio
D’Água Hélia Correia publicou as obras: Soma, Montedemo; A Luz
de Newton; Insânia, O Número dos Vivos, A Casa Eterna,
O Rancor; Lillias Fraser; Fascinação, seguido de A Dama
Pé-de-Cabra; Mopsos, O Pequeno Grego (O Ouro de
Delfos e A Coroa de Olímpia); Bastardia; Desmesura; Perdição,
A Ilha Encantada; Contos; Adoecer; A Chegada de Twainy
e A Terceira Miséria.
«1.
Para quê,
perguntou ele, para que servem
Os poetas em
tempo de indigência?
Dois séculos
corridos sobre a hora
Em que foi
escrita esta meia linha,
Não a hora do
anjo, não: a hora
Em que o
luar, no monte emudecido,
Fulgurou tão
desesperadamente
Que uma
antiga substância, essa beleza
Que podia
tocar-se num recesso
Da poeirenta
estrada, no terror
Das cadelas
nocturnas, na contínua
Perturbação,
morada da alegria;»
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