«Entre nós, poucos são
aqueles que têm de Clarice outra referência que não seja o nome, e no entanto,
trata-se de um dos mais singulares escritores da nossa língua. As razões deste
clamoroso desconhecimento não podem deixar de se inscrever na contenciosa
fraternidade que existe entre Brasil e Portugal e que leva a que, salvo raras
excepções, as ligações em Cultura se produzam pelas cinturas mais frágeis ou já
canónicas. No caso de Clarice, porém, a sua obra tarda de modo inusitado a
chegar até nós e por duas razões — a primeira é que Clarice Lispector deixou há
muito de ser um escritor de pequenos grupos aficionados para ser, no Brasil,
uma referência obrigatória caída no domínio público univer-sitário que a cada
hora a faz e a refaz de análises e suposições teóricas.»
[Do Prefácio de Lídia
Jorge ]
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