No ípsilon, suplemento do Público
de 28 de Setembro de 2012, David Telles Pereira escreve sobre 50 Poemas,
de Tomas Tranströmer: «Contudo, muito mais do que um poeta da paisagem nórdica,
muito mais do que a escrita de um romântico paisagista tardio, há algo na obra de
Tranströmer que lhe dá uma dimensão poética absolutamente alheia a qualquer
circunstancialismo geográfico e que permite ao leitor compreender o lugar em
que a linguagem deste poeta se coloca, ainda que nunca tenha ouvido sequer falar
da Suécia, ainda que esta Suécia nem sequer existisse e fosse apenas uma ficção
do autor. Esse lugar é, primeiro que tudo, o da transformação (…).
Felizmente para nós, um dia o prémio
chegou e finalmente tivemos a oportunidade de ler em português um conjunto
significativo de poemas de um autor, os quais já eram — e serão sempre —
maiores que todos os prémios que ele recebeu. Mas não deixa de ser verdade que,
antes, quase ninguém o procurava e, mesmo com o Nobel cristalizado na capa,
talvez continuem a não o fazer.»
Na mesma edição, José Riço Direitinho assina
um texto sobre «a procura da última palavra» de Tomas Tranströmer: «Setenta e
cinco anos depois daquele crepúsculo frio em que demorou a chegar a casa,
sozinho, levado pelo mistério da migração das aves, e quando torna a não poder
usar a sua voz, irão reconhecê-lo. Dele dirão muitas coisas. O seu momento
chegou. Mas continuará, como sempre, a procurar a última palavra. Aquela antes de
a morte chegar de novo.»
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