No Sol de 21 de Junho, Telma Miguel assina um artigo
sobre a edição de James Joyce em Portugal: «(…) a Relógio D’Água presta
louvável serviço, naquela que é já a mais importante iniciativa editorial deste
ano. Em Janeiro, com tradução de Paulo Faria, saiu o semiautobiográfico Retrato
do Artista quando Jovem, romance de formação, editado em 1916, e onde nasce
Stephen Dedalus, o alter ego do autor, também presente em Ulisses [que
terá ainda antes do final do ano nova tradução, assinada por Jorge Vaz de
Carvalho]. Em Fevereiro, com tradução e prefácio de João Almeida Flor, surgiu a
edição bilingue de Música de Câmara, o livro de estreia em 1907,
coligindo 36 curtos poemas-baladas de amor (…). Recém-chegado às livrarias,
acrescente-se Dublinenses, 15 contos de retrato naturalista das gentes
de classe média e baixa de Dublin, trabalhado como “um espelho bem polido”, na
sua “escrupulosa vulgaridade”, e publicado em 1914.»
Ainda acerca de Dublinenses, Telma Miguel escreve: «A ler como um painel
mimético da diversidade com que a vida, a corrupção, a paralisia e a morte se
exprimem no dia-a-dia da cidade, Dublinenses é a obra mais acessível de
Joyce. Nela, assiste-se ao seu treino de todos os sentidos ao serviço do ponto
de vista de cada personagem, uma fala iluminada num caminho da infância para a
adolescência e a maturidade, em episódios decisivos de vida pública ou interna
ou da história moral de um país.»
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