Nesta edição do ípsilon, Maria Conceição Caleiro
entrevista Rui Nunes a propósito do seu último livro, Barro, e sobre
este escreve: «Barro está povoado de imagens deslumbrantes. Nunca
gratuitas, nunca a mais. Um exemplo de transtorno ou deslocação mesmo mínima da
sintaxe e da voz pontuada gesto a gesto, singularidade a singularidade: “vem da
varanda um bater espesso de asas: entreabro a porta: um pequeno falcão debate-se
na tijoleira. Agarro-o; a macieza das penas, trémula. Pouso-o no parapeito. E
ele atira-se para o vazio, desce até quase roçar o descampado de malvas e
cardos, e depois eleva-se por um amplo bater de asas.”
O livro está povoado disto. E outros, de muita violência, de
insuportável violência, de alegria impiedosa e infantil, natural.»
Na mesma edição, José Riço Direitinho escreve sobre Anjos
e Comboios, de Denis Johnson: «Sonhos e Comboios é uma breve história
épica (é também uma tocante história de amor) que nos traz inteira a primeira
metade do século XX americano, não o das grandes cidades, mas o da tranfiguração
dos grandes espaços naturais com todos os seus desafios. (…) A atmosfera criada
por Denis Johnson, associada à delicadeza pouco usual do contar da história,
tornam Sonhos e Comboios um livro que permanecerá na memória por muito
tempo.»
Sem comentários:
Enviar um comentário