21.5.12

Prémio Camões para Dalton Trevisan






Dalton Trevisan, o escritor brasileiro, talvez devêssemos dizer curitibano, acaba de receber o Prémio Camões.
A editora Relógio D’Água publicou em 1984 o seu único livro saido em Portugal, Cemitério de Elefantes, com prefácio de Fernando Assis Pacheco e capa de João Botelho.
Destacamos em seguida dois fragmentos desse prefácio:

«Otto Lara Resende diz que “ninguém sabe quem é Dalton Trevisan. Deus mesmo não sabe e nem por isso se impacienta”. Ele faz vida de “severo anacoreta” na Rua Emiliano Perneta, em Curitiba, de onde regularmente envia ao seu editor algum novo original. Há vinte e cinco anos mandava folhetos de cordel aos amigos.
Nesse tempo Curitiba teria talvez metade da população que tem em 1984 e os bêbados eram levados por um tropismo indecifrável para o lugar de espera e torpor que Dalton Trevisan classifica como cemitério de elefantes. Com toda a probabilidade o cemitério continua onde estava, só os bêbados duplicaram de número. Curitiba passou o milhão de habitantes. (…)

E para nos dar esta Curitiba povoada por estes curitibanos tragicómicos, a um pêlo do pícaro, Dalton Trevisan foi-se à eloquênica e cravou-lhe a faca. Ironia, elipse, nenhuma cedência ao romantismo nem ao realismo mágico, aí estão outras armas brancas do escritor, afiadas à secretária-mesa-de-cela-monacal. Uma busca pela vivissecção?»

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