«No
princípio Lembro-me: estava ao colo de alguém. Havia um terreiro, uma casa
ao fundo, ou no meio, isolada. Nem árvores, nem arbustos, só um corvo
esgravatava, na terra vermelha, como um borrão saltitante.
E o sol.
Meio-dia,
talvez.
Porque a luz
vinha de todos os lados, e na casa não se distinguia um refúgio, uma sombra:
desenho trémulo, sem protuberâncias nem reentrâncias que, de vez em quando, um
golpe de vento parecia arrastar.
— É ali.
A minha chegada
são estas palavras, com a sua clareza, ditas por ninguém. Voz sem corpo que
soava um pouco atrás de mim, voz sem nome, sem sexo. Voz que afastava as
coisas. Que me começou a perseguir, que me continuou a perseguir, que ainda me
persegue. Voz que estará, no instante da minha morte, a dizer-me:
— é ali.»
Robert Grainier é um
trabalhador do Oeste americano no início do século XX — um homem simples
vivendo tempos extraordinários. Abalado pela perda da família, Grainier procura
conferir sentido a um novo e estranho mundo. À medida que a história se
desenrola, assistimos às suas derrotas pessoais e às radicais mudanças que
transformam os EUA.
«Sonhos e Comboios, de
Denis Johnson, é como uma raridade que já não é impressa há muito tempo. É como
uma obra de arte a que poucos têm acesso e que, agora, se encontra disponível
para todos nós... Sonhos e Comboios é um livro que nos prende (...)» [Dan DeLuca, The Philadelphia
Inquirer]
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