Na revista Ler de Fevereiro, nas notícias «Breves», afirma-se, a propósito de Belos Cavalos, que Cormac McCarthy está «em boas mãos»: «Há mais um resultado editorial da saga apaixonada de Paulo Faria – cujos relatos das viagens aos Estados Unidos foram já por duas vezes publicados na Ler – pelos trilhos literários de Cormac McCarthy: uma nova tradução de Belos Cavalos, original de 1992 anteriormente editado pela Teorema. “Convém explicar que este romance tem uma génese bem curiosa”, escreve Paulo Faria no prefácio. “Trata-se do primeiro volume de uma trilogia, cujo terceiro tomo (Cities of the Plain) existiu durante mais de dez anos como guião cinematográfico.” As origens do protagonista John Grady Cole ganham outra luz (palavra mais do que justa) quando lidas nesta versão tratada à lupa. Um acontecimento.»
No mesmo número da Ler, Filipa Melo analisa o romance Petersburgo, de Andrei Béli, onde, segundo Nabokov, se resume «a Rússia inteira».
«Boris Nikolaevich Bogaév, romancista, poeta, teórico e crítico literário que adoptará o pseudónimo de Andrei Béli (“Branco”), nasce e morre em Moscovo (1880-1934). É o prosador mais fascinante da segunda geração de simbolistas russos, cujo irmão em poesia será Aleksandr Blok. A escrita deste romance corresponde a um período de intensa transformação espiritual do autor (abandono do neokantismo, ligação ao movimento teosófico e à antroposofia, a ciência espiritual do filósofo austríaco Rudolf Steiner). Após uma tentativa de síntese entre música e palavras (nas primeiras obras, Sinfonias poéticas), Béli conjuga em Petersburgo o seu fascínio pela matemática, pela ciência e pelo esoterismo, a correspondência entre o “texto da vida” e o “texto da arte” e a procura de identificação da verdadeira identidade russa.»
Filipa Melo apresenta também uma recensão ao ensaio-novela Byron e o Amor, de Edna O’Brien, «uma das melhores escritoras irlandesas»: «À semelhança da força do estilo drasticamente fluente, não premeditado, do poeta, sobrevive hoje um personagem altivo e desdenhoso, tortuoso e caprichoso, contraditoriamente virtuoso. Byron consumou, sob todas as suas formas o amor como “verme imortal que devora o coração”. Edna O’Brien descreve-o de forma eficaz e contribui para mais uma certificação do poeta inglês como “eterno arquétipo da celebridade, o Napoleão [que ele tanto admirou] nos domínios da rima” (Bloom).»
José Mário Silva escreve sobre Erros Individuais, de José Miguel Silva (JMS), «o céptico hedonista»:
«Poeta do quotidiano, atento à entropia social, à fragilidade da beleza e ao poder da linguagem vernácula (…), acentua o seu desencanto com o estado do mundo em geral e com o nosso país em particular. (…) Há realmente um lado feio e triste do País, um lastro antigo que a Europa não redime. E JMS, com a sua verve truculenta, é um dos seus melhores cronistas.»
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