25.3.10

Livros da Relógio D’Água nos Media (de 8 a 21 de Março)

No suplemento Actual do Expresso de 20 de Março, Ana Cristina Leonardo critica Crónica de Wapshot de John Cheever.
«Uma saga familiar tem de ser uma coisa chata? Não tem. A prova está neste livro de John Cheever (1912-1982), contista de primeiríssima água que se estreou no romance – só em 1957 – com este livro, que lhe valeria o National Book Award. Conhecido na América como o “Tchékhov dos subúrbios” – por aplicar a sua análise cirúrgica da natureza humana, similar à do escritor russo, a personagens que situa em lugares na aparência idílicos, e a palavra-chave é, claro, “aparência” -, Cheever retrata em Crónica de Wapshot a família do mesmo nome, cujas origens remontam ao século XVII e que desde essa altura vive na região de St. Botolphs, terra em decadência e porto fluvial que já conheceu melhores dias.»


No mesmo Actual é ainda feita uma análise de O Homem Que Era Quinta-Feira de G. K. Chesterton. Segundo Luís M. Faria:
«Para descrever este romance, tem-se falado num cruzamento entre Wilde e Kafka. Como em Wilde, há simetrias cómicas em abundância e paradoxos que subitamente põem verdades a descoberto. Como em Kafka, há uma evolução gradual para o inferno em nome de uma lógica irresistível.»



No Ípsilon de 12 de Março, Luís Miguel Queirós escreve sobre Um Toldo Vermelho de Joaquim Manuel Magalhães.
« A diferença essencial é que a natureza da reescrita que subjaz a este novo livro não é idêntica àquela que podemos rastrear nas duas anteriores reconfigurações da sua obra poética. A ponto de ser duvidoso que, em rigor, se deva aqui falar de reescrita, já que esta visa sempre criar textos que possam ser lidos na ignorância dos seus antecessores. O seu objectivo é justamente o de apagar as etapas intermédias, reformatando a obra passada de acordo com a poética que no presente a estrutura.
Ora, se é evidente que os poemas de “Um Toldo Vermelho” podem ler-se enquanto textos autónomos – irão fatalmente ser lidos assim por futuros leitores -, boa parte deles só faz realmente sentido “em função” dos poemas originais. O texto que abre o livro é um bom exemplo deste dispositivo»

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