31.7.24

De Rio Turvo, de Branquinho da Fonseca

 «O que não a deixava dormir era também o perigo que respirava no ar, a inquietação que lhe vinha das sombras da noite, dos vultos que rondavam lá fora debaixo da janela, que faziam ranger as tábuas do corredor e vinham experimentar a porta do quarto, eram as vozes que não conhecia e ciciavam pelo buraco da fechadura, gemiam o nome dela, fazendo-lhe calafrios de terror. Muitas vezes não era talvez ninguém, era o sangue de todos aqueles homens mortos de cansaço, àquela hora estendidos a dormir, mas cujo desejo se levantava e vinha como um fantasma chamá-la com um carinho que eles não sabiam ter, com uma doçura tão penetrante que a fazia estremecer num arrepio também quase de desejo, a fome dos machos sequiosos que ela sentia pegar-se-lhe à carne, e que quanto mais queria sacudir de si mais lhe ia amolecendo a vontade.» [De «Rio Turvo»]


Rio Turvo inclui, além do conto homónimo (com adaptação cinematográfica de Edgar Pêra em 2007), os textos Jack, As Mãos Frias, Um Pobre Homem, A Sombra, A Prova de Força, A Estátua e O Involuntário.


Rio Turvo e O Barão estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/branquinho-da-fonseca/

Djaimilia Pereira de Almeida vence Grande Prémio de Romance e Novela APE | DGLAB



Djaimilia Pereira de Almeida acaba de receber, pela sua novela Toda a Ferida É Uma Beleza, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores | DGLAB.

O livro, publicado na Relógio D’Água em Junho de 2023, tem ilustrações de Isabel Baraona.

O júri, constituído por Carina Infante do Carmo, Carlos Mendes de Sousa, Cândido Oliveira Martins, Cristina Robalo Cordeiro e Francisco Topa, decidiu «privilegiar uma novela que faz da brevidade o lugar do mistério e da poesia: na contenção da sua escrita reside o essencial da estranheza de um mundo ao mesmo tempo ingénuo e cruel, infantil e adulto».

Djaimilia Pereira de Almeida vai editar brevemente na Relógio D’Água Coração de Cera, que se junta assim a Pintado com o Pé (2019), A Visão das Plantas (2019), As Telefones (2020), Esse Cabelo (2020), Maremoto (2021), Os Gestos — Notas no Regresso a Casa (2021), Três Histórias de Esquecimento (2021) e Ferry (2022).

A autora tem visto a sua obra traduzida em vários países, designadamente nos EUA, na Suíça, Argentina, Dinamarca, China ou Eslováquia. Em França, o Le Monde destacou recentemente as suas Trois histoires d’oubli (Três Histórias de Esquecimento). Em 2019 recebeu o Prémio Oceanos.


Toda a Ferida É Uma Beleza e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Sobre Cartas da Milena, de Franz Kafka

 Esta é a primeira edição integral das cartas de Kafka a Milena.


«“A ti, por sua causa e tua, uma pessoa pode dizer a verdade como a mais ninguém, mais até, pode saber a sua verdade directamente de ti.” Talvez como mais nenhum outro, este passo da carta escrita por Franz Kafka em 25 de Setembro de 1920 a Milena Pollak dá testemunho não apenas da intensidade da relação entre ambos — provavelmente, a relação amorosa mais profunda da vida de Kafka —, mas também do extremo de exposição pessoal a que o autor d’O Processo estava disposto no âmbito dessa relação. Poucos dias antes, a 22 de Setembro, esse extremo expressara-se numa imagem de inultrapassável violência — “o amor é seres para mim a faca com que remexo as minhas entranhas” […)].» [Do Prefácio de António Sousa Ribeiro]


Franz Kafka conheceu Milena como tradutora para o checo das suas primeiras prosas breves. Ele tinha trinta e sete anos; ela, vinte e três. A sua relação transformou-se numa ligação apaixonada.

As cartas testemunham um romance de amor, de desespero, de felicidade e de humilhação voluntária. Mas a ligação entre Kafka e Milena permaneceu, apesar dos seus raros encontros, essencialmente epistolar, como as de Werther ou de Kierkegaard.

Milena morreu vinte anos depois de Kafka, no campo de concentração de Ravensbrück.


Cartas a Milena (trad. e prefácio de António Sousa Ribeiro) e outras obras de Franz Kafka estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/franz-kafka/


Sobre Franz Kafka, de Max Brod (tradução de Susana Schnitzer da Silva e Ana Falcão Bastos), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/sobre-franz-kafka/

Sobre Cartas da Prisão, de Rosa Luxemburgo

 Rosa Luxemburgo foi uma das mais singulares socialistas do início do século xx. Opôs-se tanto ao revisionismo de Bernstein quanto ao centralismo de Lenine, defendendo a ação autónoma dos trabalhadores.

Nascida na Polónia em 1871, viveu a maior parte da vida na Alemanha, onde se distinguiu pela sua atividade e pelos seus escritos, de Reforma ou Revolução? até A Acumulação do Capital.

Foi presa diversas vezes por intervir em congressos socialistas ou na insurreição de Varsóvia em 1905 e por se opor à participação da Alemanha na Primeira Guerra Mundial.

Foi durante o período em que esteve presa entre 1916 e 1918 que escreveu as cartas agora aqui publicadas.


«Cartas da Prisão», de Rosa Luxemburgo (Tradução do alemão e notas de Bruno C. Duarte), está disponível em: https://www.relogiodagua.pt/produto/cartas-da-prisao/

Sobre Todas as Cartas, de Clarice Lispector

 “Torna-se claro que a saída do Rio constitui em grande parte o motor da correspondência mais significativa de Clarice. Impõe-se uma assinalável continuidade, à maneira de um diário, nas décadas de 1940 e de 1950. Desdobram-se diante de nós os dias vividos em força e desmesura, meditações de uma vida contada em permanente tensão, na tranquilidade e no desassossego. Desse tempo, o livro mostra-nos um retrato ardente: esperas, alegrias, abatimentos.

Sobre Clarice, Hélio Pellegrino afirmou, num texto conhecido, que ‘o diálogo que manteve consigo mesma era intenso demais’. Sim, é verdade. E, no entanto, as cartas mostram-na, ao mesmo tempo, sempre disponível, atenta e dialogante. […]

Deparamos com um sentido de urgência, em muitas das cartas, sobretudo naquelas que envia para as irmãs. Participar do mundo destas completa-a. Como quem ama demais, exige uma correspondência difícil de acompanhar. A veemência dos pedidos revela o desejo de notícias, mas também a necessidade de amparo.

A leitura das cartas de Clarice transporta-nos para o seu universo ficcional, como se estivéssemos diante de uma das suas personagens. A recepção da correspondência é um momento alto que gera sensações exaltantes e pacificadoras: ‘quanto mais carta melhor’, escrevia a Elisa três meses depois de se instalar em Nápoles.” [Do Prefácio de Carlos Mendes de Sousa]


Todas as Cartas e outras obras de Clarice Lispector estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

De Carta a Um Refém, de Antoine de Saint-Exupéry

 «Quando, em dezembro de 1940, atravessei Portugal de passagem para os Estados Unidos, Lisboa surgiu-me como uma espécie de paraíso luminoso e triste. Falava-se então muito de uma invasão iminente, e Portugal apegava-se à ilusão da sua felicidade. Lisboa, que organizara a mais encantadora exposição que já se vira no mundo, sorria com um sorriso um tanto pálido, semelhante ao daquelas mães que, não tendo notícias de um filho que está na guerra, se esforçam por o salvar através da sua confiança: “O meu filho está vivo, porque eu estou a sorrir…”, “Vejam como estou feliz, tranquila e bem iluminada…”, assim dizia Lisboa. O continente inteiro pesava sobre Portugal como uma montanha selvagem cheia de tribos predatórias; Lisboa em festa desafiava a Europa: “Como poderão tomar-me por alvo quando tenho tanto cuidado em não me esconder! Quando eu sou tão vulnerável!…”»


Carta a Um Refém (trad. José Cláudio e Júlia Ferreira) e outras obras de Antoine de Saint-Exupéry estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/antoine-de-saint-exupery/

30.7.24

Sobre Pequenos Fogos em Todo o Lado, de Celeste Ng

 Em Shaker Heights, um pacato subúrbio de Cleveland, está tudo previsto — desde o traçado das ruas sinuosas até à cor das casas, passando pelas vidas bem-sucedidas que os seus residentes levam. E ninguém encarna melhor esse espírito do que Elena Richardson, cujo princípio orientador é obedecer às regras do jogo.

A esta idílica redoma chega Mia Warren — uma artista enigmática e mãe solteira — com a filha adolescente, Pearl. Mia arrenda uma casa aos Richardsons. Rapidamente Mia e Pearl se tornam mais do que inquilinas: os quatro filhos dos Richardsons sentem-se cativados pelas duas figuras femininas. Mas Mia traz consigo um passado misterioso e um desprezo pelo statu quo que ameaçam perturbar esta comunidade cuidadosamente ordenada.


“Um livro maravilhoso. Divertido, inteligente e sensível.” [Paula Hawkins]


“Celeste Ng é sempre arguta, desafiante, generosa e original.” [Meg Wolitzer]


“Provavelmente o meu livro favorito do ano.” [John Green]


“Uma história intensa e emocionante.” [The Times]


“Peguei no livro e não o consegui largar.” [Jodi Picoult]


Pequenos Fogos em Todo o Lado (trad. Inês Dias) e Os Nossos Corações Perdidos (trad. Elsa T. S. Vieira) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/celeste-ng/


Sobre Nostos, de H. G. Cancela

 «Nostos, cujo título remete para a épica grega, para o retorno do herói a casa, é uma longa meditação cada vez mais próxima de um certo vazio inescapável, que tanto faz com que a figura masculina encete um longo périplo até casa (mas não há casa nem retorno, as figuras de Cancela encontram-se além de qualquer propriedade e de qualquer coisa de próprio) como faz com que a figura feminina encontre no suicídio e no desaparecimento dos dois filhos, não uma solução, mas uma espécie de resolução, de conclusão lógica para um problema que não consegue, sequer, formular.» [João Oliveira Duarte, i, 16/7/2024: https://ionline.sapo.pt/2024/07/16/h-g-cancela-investigacoes-sobre-o-fim/]


Nostos e outras obras de H. G. Cancela publicadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/h-g-cancela/

Sobre O Delfim, de José Cardoso Pires

 «José Cardoso Pires, escritor de óculos quadrados de massa, com o peso todo da vida às costas, escrevia ficção (muito, muito realista) como poucos. Publicado em 1968, O Delfim mistura a disfunção de um país com uma família em crise. Ocorrem duas mortes misteriosas, Portugal está emperrado e José Cardoso Pires cruza tudo com traição, incesto, homossexualidade e uma mestria absoluta.» [José Paiva Capucho, «Uma lista para nunca mais adiar as leituras: 32 clássicos para o verão», Observador, https://observador.pt/especiais/32-classicos-para-ler-no-verao/]


O Delfim e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

Sobre A Montanha Mágica, de Thomas Mann

 «Um livro pode ser umas das últimas formas de sobreviver à voragem que a tecnologia introduziu nas nossas vidas, ao fazer da leitura uma forma de desafiar o tempo dos relógios, das máquinas, do ciberespaço. A Montanha Mágica, romance escrito há cem anos, obriga a outra experiência do tempo. Aqui não há acontecimentos, apenas paisagens do mundo interior, sensações das pessoas olhando em redor, reagindo. Hans Castorp deixa a planície e sobe ao topo da montanha para visitar o primo no sanatório de Berghof. Lá em cima vigora o tempo mitológico. Chega como neófito e sairá como veterano.» [Joana Emídio Marques, «Uma lista para nunca mais adiar as leituras: 32 clássicos para o verão», Observador, https://observador.pt/especiais/32-classicos-para-ler-no-verao/]


A Montanha Mágica (tradução, prefácio e notas de António Sousa Ribeiro) e outras obras de Thomas Mann estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/thomas-mann/

Sobre Diários, de Sylvia Plath

 

Destes diários de Sylvia Plath fazem parte apontamentos excluídos de publicação até 1998 por Ted Hughes, seu marido e executor testamentário.

Há textos escritos ao longo de doze anos, desde a época em que Sylvia Plath era estudante universitária até 1962, o ano anterior à sua morte. E também desenhos e poemas, testemunhando a vida e a obra de uma das principais poetas de língua inglesa do século xx, autora de Ariel e The Colossus.

Revelando uma consciência precoce da sua vocação de poeta, Plath afirmava aos dezoito anos: “estou a dar uma justificação à minha vida, à minha viva emoção, aos meus sentimentos, ao transformar tudo isto em letra impressa”, organizando de forma provisória “o meu patético caos pessoal”.


Diários (1950-1962) (trad. José Miguel Silva e Inês Dias) e outras obras de Sylvia Plath estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sylvia-plath/

Sobre Diário de Um Velho Louco, de Junichiro Tanizaki

 

O Diário de Um Velho Louco é escrito por Utsugi, um homem de setenta e sete anos de gostos requintados, passado amoroso e convalescente de um ataque cardíaco. Ele descobre que, à medida que o seu corpo se deteriora, a sua sexualidade continua activa, de um modo perverso, estimulada pelas ternas atenções da sua nora Satsuko, mulher com um passado de bailarina. Utsugi quase não revela traços de autocompaixão e o seu diário mostra uma decidida ausência de pudor. Ao mesmo tempo irónico e triste, narrativa do apego à vida e da ausência do medo de morrer, Diário de Um Velho Louco é um retrato brilhante da relação entre Eros e a decrepitude — um romance tragicómico da existência humana.


«Os talentos cómicos de Tanizaki raramente foram tão evidentes.» [New York Times Book Review]


«Este diário é uma criação absolutamente convincente… invulgar e, fundamentalmente, fascinante.» [Atlantic]


Diário de Um Velho Louco (trad. Maria José de La Fuente) e outras obras de Junichiro Tanizaki estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/junichiro-tanizaki/

29.7.24

Sobre Eles, de Kay Dick

 

Obra-prima perdida da distopia, Eles é um romance passado numa Inglaterra onde os livros são confiscados e a National Gallery esvaziada. É por isso uma meditação sobre arte, memória e inconformidade.

Com um prefácio de Carmen Maria Machado, é agora recuperada esta distopia clássica e radical que ficou esquecida no tempo, mas que se revela hoje mais atual do que nunca.


“Um livro assustadoramente presciente.” [Margaret Atwood]


“Uma obra-prima.” [Emily St. John Mandel]


“Cristalina. A obra de uma encantadora.” [Edna O’Brien]


“Fiquei obcecada com esta obra-prima de 1977.” [Lauren Groff]


“Exuberante, hipnótico e compulsivo…” [Eimear McBride]


“Uma escrita belíssima.” [The Times]


Eles (tradução de Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/eles-pre-venda/

Sobre O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin

 Tendo como pano de fundo inicial a Revolução Cultural chinesa, uma cientista de uma base militar secreta envia sinais para o espaço, tentando estabelecer contacto com extraterrestres. Quando uma civilização alienígena, quase extinta, capta o sinal, começam os preparativos para invadir a Terra, onde, enquanto isso, diferentes grupos se começaram a formar. Porém, enquanto alguns pretendem dar as boas-vindas a uma civilização superior, ajudando-os a controlar um mundo que se tornou excessivamente corrupto, outros pretendem travar a invasão.

O resultado é O Problema dos Três Corpos, uma obra-prima da ficção científica, escrita por um dos mais considerados autores da China contemporânea.


O Problema dos Três Corpos (trad. Telma Carvalho), A Floresta Sombria e A Morte Eterna (Trad. Eugénio Graf) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/liu-cixin/

Sobre Bilhete de Identidade, de Maria Filomena Mónica

«No já longínquo dia em que entrei na sala do Grémio Literário para apresentar este livro, estava consciente de que, num país onde praticamente não se publicam memórias, onde a hipocrisia é endémica e onde o respeitinho pelos superiores é tido como um valor supremo, o que escrevera poderia causar ondas, mas não imaginei o circo que me esperava. Verifiquei que, no país onde nasci, falar de pessoas, identificando-as, é um pecado mortal.» [Do Prefácio à 10.ª Edição]


Bilhete de Identidade e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/ 

Sobre A Armadilha Identitária, de Yascha Mounk


«Já falei de outros livros sobre o wokismo […]. Este é sobre o wokismo, só que o autor prefere não usar esse termo, porque suscita logo muitas paixões e faz com que se perca o foco do essencial, quanto a ele.

Então usa outra designação, que é a “síntese identitária”, […] este movimento, que vem dos Estados Unidos, e se foca muito na questão da identidade, ou seja, em que as pessoas, os indivíduos, em primeiro lugar, devem pensar-se como elementos dentro de um determinado grupo, de uma determinada tribo, que é definida pela cor da pele ou pela orientação sexual ou pelo género, e não pensarem-se como cidadãos — de uma república, no caso dos Estados Unidos.

E essa tendência tem vindo a agravar as fracturas e a polarizar, como se diz agora, os diferentes campos da sociedade.

Eu acho que é uma boa estratégia, esta de ele evitar o wokismo, porque de facto, à esquerda e à direita, suscita muitas reacções inflamadas […]. Ele faz uma contextualização creio que bastante rigorosa deste movimento, que tem origem nas universidades e em certas teorias das universidades americanas. E ele também traça esse caminho de como é que essas ideias saíram das universidades americanas e começaram a infiltrar-se na sociedade americana e a ganhar a força que hoje têm. E depois tem aqui um lado quase proselitista, evangélico: o que é que podemos fazer para contrariar e não cair nesta armadilha identitária?

Acho que é um livro um bocadinho acima de outros publicados sobre esta matéria, profundo, também com propostas positivas, não optando por uma demonização do outro lado.» [Bruno Vieira Amaral, Pop Up, Observador, 25/7/2024: https://observador.pt/programas/pop-up/o-que-guardamos-de-2024-ate-agora/]


«A Armadilha Identitária», de Yascha Mounk (tradução de Maria João B. Marques), está disponível em: https://www.relogiodagua.pt/produto/a-armadilha-identitaria/

De Democracia, de Alexandre Andrade

 Quando lhe perguntei o que a levou a ficar em Portugal, mesmo sabendo que a esperava uma vida precária e cheia de riscos, vi os seus olhos brilharem e vi os seus lábios articularem, sílaba a sílaba, a palavra “Democracia”. A democracia, para a Mafalda, significa muito mais do que depositar um voto numa urna ou escolher representantes. Significa, como ela me explicou logo a seguir, a certeza permanente de ser capaz de tomar as decisões que determinam o seu destino. Significa a vida plena, a vida de cabeça erguida e com o horizonte à altura dos olhos. Ou, para usar as palavras dela: “Andar na rua com a sua parcela de liberdade ao alcance da mão, pronta a brandir como se fosse uma bandeira ou uma ferramenta que se traz num saco a tiracolo.”


Democracia e outras obras de Alexandre Andrade estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/alexandre-andrade/

Sobre Morte e Democracia, de José Gil

 A morte traça uma fronteira-limite do pensamento. Para lá dela, nada há a experienciar ou a pensar. Fractura radical, deixa-nos à beira de um impensável abismo. Para o transpor, inventámos a transcendência e a imortalidade. E com elas surgiram as teocracias, as realezas mágicas e os regimes políticos que criaram as maiores desigualdades e injustiças. A democracia nasceu destituindo a transcendência religiosa do seu estatuto fundador da ordem política. E a imanência trará consigo, em princípio, uma possibilidade de igualdade e de justiça. Porque não deixam as democracias modernas de abrir a porta aos poderes autocráticos neofascistas? Certos resíduos da antiga transcendência parecem permanecer nas estruturas jurídico-políticas e nos mínimos gestos da cidadania democrática. Como fazer para os ultrapassar? Poder-se-á conceber um sistema democrático plenamente imanente que impeça a crença na imortalidade da alma de perverter a acção política? Que aconteceria então aos mortos, que celebramos e veneramos, que sustentam as nossas vidas? Deixariam as suas memórias de nos confortar e os seus espectros e fantasmas de nos assombrar e inquietar? Podem as nossas decisões em vida ser influenciadas pelo destino que damos aos mortos?


Morte e Democracia e outras obras de José Gil estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-gil/

Sobre Da Democracia na América, de Alexis de Tocqueville

 

Tocqueville surge-nos hoje como um dos primeiros teóricos da modernidade. Quer se trate da filosofia, da política ou da sociologia, a sua principal obra, Da Democracia na América, surge-nos como referência obrigatória.

Editada em Paris pela primeira vez em 1835, Da Democracia na América tornou célebre o jovem autor, considerado de imediato um herdeiro de Montesquieu devido à capacidade de observação, elegância de estilo e serenidade de pensamento. Foi isso que levou Dilthey a considerar, alguns anos depois, Tocqueville como «o maior pensador político desde Aristóteles e Maquiavel».

São dois os temas fundamentais abordados em Da Democracia na América. A parte inicial trata das instituições norte-americanas como expressão dos costumes e do estilo de vida e aborda os princípios em que se baseia um Estado democrático. Descreve o funcionamento dos três poderes da União, a estrutura e fundamentos do poder judicial, os corpos legislativos e a organização do poder executivo federal. Examina o sistema bipartidário, a importância das associações, o poder da maioria e as suas consequências. Esta primeira parte termina com uma série de capítulos destinados a avaliar a influência dos costumes e da religião na organização do sistema democrático.

Na segunda parte do livro, elabora-se uma teoria do Estado democrático que é o grande contributo de Tocqueville para a filosofia política. O aspecto decisivo está, segundo Tocqueville, na igualdade de condições que impera na sociedade norte-americana: «como ninguém difere dos seus semelhantes, ninguém poderá exercer um poder tirânico, pois, neste caso, os homens serão perfeitamente livres, porque serão de todo iguais; e serão perfeitamente iguais, porque serão de todo livres».

A igualdade e a causa da liberdade estão indissociavelmente ligadas.

Quase dois séculos depois da sua primeira edição, Da Democracia na América continua a demonstrar a sua indiscutível actualidade na ciência política.


Da Democracia na América (tradução de Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/da-democracia-na-america/

28.7.24

Sobre Ruído Branco, de Don DeLillo

 

Uma brilhante sátira da cultura de massas e dos efeitos da tecnologia, Ruído Branco conta a história de Jack Gladney, um professor de Estudos Hitlerianos numa universidade dos EUA.

Jack e a sua quarta mulher, Babette, impulsionados pelo amor, o medo da morte e quatro filhos, navegam pelos vacilantes caminhos de uma vida familiar, tendo como fundo a sociedade de consumo.

Os precários equilíbrios são rompidos quando um acidente industrial provoca a libertação de uma nuvem negra química, ameaçando toda a população da cidade e perturbando a sua relação com os meios de comunicação e até com os aparelhos electrodomésticos.


«O amor de DeLillo pela linguagem e o seu talento unem-se neste livro para nos narrar uma história desconfortável sobre a mortalidade e o modo profundo como lidamos com ela. É um romance repleto de palavras, mas nenhuma delas está a mais.» [The Guardian]


«Ruído Branco captura com tal precisão a existência diária de uma América pós-modernista, hipercapitalista e saturada pelos media, que o leitor não sabe se há-de rir ou chorar.» [TIME]


«Uma das vozes mais irónicas, inteligentes e divertidas a comentar a América contemporânea.» [The New York Times Book Review]


Ruído Branco (tradução de Rui Wahnon) e outras obras de Don DeLillo já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/don-delillo/

Sobre Retalhos do Tempo, de John Banville

 Para o jovem Banville, Dublin era um lugar repleto de encantamento e saudade. Todos os anos, pela altura do seu aniversário, ele e a mãe viajavam de comboio até à capital da Irlanda, atravessando os campos cor-de-rosa gelados ao amanhecer, iniciando um dia de aventuras entre as quais se incluíam as viagens ao Clery’s e à geladaria Palm Beach.

O então aspirante a escritor foi viver para Dublin aos dezoito anos. Era um período desanimador, quer para a sociedade irlandesa quer para ele. Foi essa fase que o escritor explorou mais tarde através de Quirke, um protagonista a que deu vida através do pseudónimo Benjamin Black. Mas sob uma superfície aparentemente calma, aproximava-se uma tempestade. A Irlanda estava prestes a conhecer uma profunda mudança.

Alternando entre memórias do passado e explorações históricas recentes que fez pela cidade, Retalhos do Tempo é uma evocação intensa da infância e da memória, daquele “abismo repleto de luz” onde “a alquimia do tempo opera”, uma ode a um tempo e a um local de formação para o artista quando jovem.

O livro é ilustrado por imagens da cidade do fotógrafo Paul Joyce.


Retalhos do Tempo (trad. Paulo Faria) e Mrs. Osmond (trad. Frederico Pedreira) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/john-banville/

Sobre Contos, de Beatrix Potter

 Beatrix Potter amava o campo e passou grande parte da sua infância a desenhar e a estudar animais.

Nasceu em Londres em 1866. Teve uma infância solitária e na juventude estudou Arte e História Natural. Passava as férias nos campos da Escócia e mais tarde na Região dos Lagos. 

Iniciou-se como escritora e ilustradora para crianças quando tinha 35 anos. O conto Pedrito Coelho foi publicado em 1902. 

Nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), era já uma escritora popular, publicando novos contos quase todos os anos. Quando se tornou economicamente independente, comprou uma quinta na Região dos Lagos e, depois de, em 1913, se casar com o seu advogado William Heelis, estabeleceu-se ali de modo permanente. 

Na última fase da sua vida, dedicou-se a gerir as suas terras e à conservação da natureza. 


Contos e O Conto do Pedrito Coelho (trad. Inês Dias) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/beatrix-potter/

27.7.24

Sobre À espera no Centeio, de J. D. Salinger

 À Espera no Centeio é a história de um jovem nova-iorquino, expulso da escola três dias antes das férias de Natal e que não tem coragem de regressar a casa e enfrentar os pais. Por isso passa esses dias deambulando pela cidade, fazendo descobertas decisivas, vivendo contradições, alegrias e temores.


À Espera no Centeio e Nove Contos, de J. D. Salinger (tradução revista de José Lima), estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/j-d-salinger/

Sobre Trilogia da Cidade de K., de Agota Kristof

 Trilogia da Cidade de K. foi o título que, por sugestão do tradutor, Agota Kristof aconselhou para a edição da obra em Portugal, que reúne, num só volume, três romances (O Caderno Grande, A Prova, A Terceira Mentira).

Agota Kristof nasceu na Hungria, mas em 1956 fugiu do seu país, invadido por tropas soviéticas, para se fixar na Suíça.

A trilogia conta a história de dois gémeos, que a guerra leva a que sejam enviados da sua cidade natal para o campo, ao cuidado de uma avó que os trata com particular dureza. Para sobreviverem, criam um mundo próprio e estranho em que os acontecimentos são registados num «grande caderno».

Agota Kristof fala-nos de uma Europa que, na época, estava dividida, mas também do desenraizamento, da separação e da perda de identidade criados pelas sociedades autoritárias do passado e do presente.


Trilogia da Cidade de K. (tradução revista de António Gonçalves) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/trilogia-da-cidade-de-k/

Sobre Tarass Bulba, de Nikolai Gógol

 Tarass Bulba descreve a vida de um antigo cossaco de Zaporójie, Tarass Bulba, e dos seus dois filhos, Andrei e Ostap. Os filhos, que estudam na academia de Kiev, regressam a casa, de onde os três homens partem numa jornada para a Sietch de Zaporójie (a sede dos cossacos de Zaporójie, localizada no sul da Ucrânia), onde se juntam a outros cossacos e vão para a guerra contra a Polónia.

A personagem principal é baseada em várias personalidades históricas, e o enredo pode ser entendido no contexto do movimento de nacionalismo romântico na literatura, que se desenvolveu em torno de uma cultura étnica histórica.


«Um dos dez melhores livros de todos os tempos.» [Ernest Hemingway]


Tarass Bulba (tradução do russo de António Pescada) e outras obras de Nikolai Gógol estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/nikolai-gogol/

26.7.24

Jornalistas do Expresso recomendam leituras de Verão


A revista E do Expresso recomenda alguns livros da Relógio D’Água como leitura deste Verão. É o caso de Pedro Mexia, que sugere O Nariz, de Nikolai Gogol (trad. Carlos Leite); de Luís M. Faria, que destaca Cartas da Prisão, de Rosa Luxemburgo (trad. Bruno C. Duarte); e de Luciana Leiderfarb, que recomenda Sobre Franz Kafka, de Max Brod (trad. Susana Schnitzer da Silva e Ana Falcão Bastos), e Canção do Profeta, de Paul Lynch (trad. Marta Mendonça). [https://expresso.pt/revista/culturas/2024-07-25-37-livros-para-o-seu-verao-as-melhores-leituras-para-as-ferias-a6e9ef87]


Os livros da Relógio D’Água estão disponíveis em www.relogiodagua.pt

Sobre O Caminho da Cidade, de Natalia Ginzburg

 

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Caminho da Cidade, de Natalia Ginzburg (tradução de Anna Alba Caruso)


O Caminho da Cidade foi o primeiro romance escrito por Natalia Ginzburg e tem já o tom inconfundível que vai caracterizar a sua obra posterior.

Foi publicado em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, sob o pseudónimo de Alessandra Tornimparte.


«A voz da romancista e ensaísta italiana Natalia Ginzburg chega-nos com uma claridade absoluta atravessando os véus do tempo e da linguagem.» [Rachel Cusk]


«Estou completamente encantada com o estilo de Ginzburg.» [Maggie Nelson]


«O seu estilo de prosa é enganadoramente simples e muito complexo. Tem no leitor um efeito ao mesmo tempo tranquilizador e emocionante, o que não é fácil de fazer.» [Deborah Levy]


Esta e outras obras de Natalia Ginzburg estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/natalia-ginzburg/

Sobre Além da Memória, de Sebastian Barry

 «Depois de dois romances em território americano — Escritos Secretos e Dias sem Fim —, Sebastian Barry regressa à Irlanda com um livro estilisticamente sofisticado a mergulhar num trauma difícil, uma ferida aberta pelos abusos da Igreja Católica infligidos a crianças que tinha ao seu cuidado. […] A pergunta de partida de Barry terá sido a de como se vive uma vida depois do abuso. O livro é a exploração dessa ideia brilhantemente conduzida por um escritor que domina profundamente a linguagem e sabe como a manipular de modo que o sobressaia seja a elegância, a delicadeza, mas por vezes também a crueza ou sátira inerentes a qualquer coisa tão brutal.

No centro do 11.º romance de Sebastian Barry — com óptima tradução de José Mário Silva — está um detective reformado, Tom Kettle, alguém que “conhecia tudo sobre a infelicidade”, até passar a saber do seu oposto quando conheceu June, então empregada de mesa com quem foi aprendendo a lidar com os silêncios.» [Isabel Lucas, ípsilon, 19/7/2024: https://www.publico.pt/2024/07/19/culturaipsilon/critica/infelicidade-oposto-alem-memoria-livro-sebastian-barry-2097759]


Além da Memória, de Sebastian Barry (tradução de José Mário Silva), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/alem-da-memoria/

Sobre Tempos Difíceis, de Charles Dickens

 «[N]este livro Dickens solta, e solta para sempre, as rédeas do seu selvagem sentido de humor. Sempre teve tendência para se libertar: há passagens nos discursos da Sr.ª Nickelby e de Pecksniff que são tão impossíveis quanto divertidas. Mas agora não é uma questão de passagens: aqui começa por fim a exercer despreocupadamente o seu poder de nos apresentar uma personagem nos termos mais fantásticos e chocantes, quase não lhes pondo na boca, de uma à outra ponta do livro, nenhuma palavra que se imaginasse pronunciável por qualquer ser humano são, e no entanto dá‑nos o inconfundível e exactamente verdadeiro retrato de uma personagem que reconhecemos imediatamente não apenas como real, mas também como típica.» [Do Posfácio de George Bernard Shaw]


Tempos Difíceis (trad. Daniel Jonas) e outras obras de Charles Dickens estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/charles-dickens/

Sobre Admirável Mundo Novo — Um Romance Gráfico, de Aldous Huxley e Fred Fordham

Publicado originalmente em 1932, Admirável Mundo Novo é uma das obras mais reverenciadas e profundas da literatura do século xx. Abordando temas de hedonismo e controlo, humanidade, tecnologia e influência, o clássico de Aldous Huxley reflete a época em que foi escrito, para que nos alerta, e permanece assustadoramente relevante.

A adaptação, esteticamente reimaginada por Fred Fordham, dá a essa poderosa e provocadora história uma nova vida visual, apresentando-a a uma geração de leitores modernos de uma maneira original e envolvente.


Admirável Mundo Novo — Um Romance Gráfico, a partir do romance de Aldous Huxley, Adaptado e Ilustrado por Fred Fordham (tradução de Mário-Henrique Leiria), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/admiravel-mundo-novo-o-romance-grafico/

Sobre O Fim do Mundo Clássico, de Peter Brown

 O Fim do Mundo Clássico analisa o modo como o mundo da Antiguidade Tardia, que se situa entre 150 e 750 d. C., se diferenciou da civilização clássica. Foi durante esses séculos que desapareceram instituições que pareciam ancoradas no decurso dos séculos.

Em 476, desapareceu o Império Romano do Ocidente, o mesmo acontecendo em 655 ao Império Persa do Próximo Oriente.

Esta obra de Peter Brown aborda também o período em que começa a definir-se a divisão da bacia mediterrânica em três mundos estranhos entre si, que ainda hoje persistem, apesar de todas as mudanças: a Europa Ocidental católica, Bizâncio e o Islão.


«Magnífico […]. Há muito que não desfrutava tanto de uma obra de História.» [Philip Toynbee, The Observer]


«O elegante e provocador texto de Peter Brown é apoiado por ilustrações pouco conhecidas […], é um livro que se distingue pelo estilo e pela profundidade académica.» [Times Literary Supplement]


O Fim do Mundo Clássico — de Marco Aurélio a Maomé, de Peter Brown (tradução de António Gonçalves Mattoso), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-fim-do-mundo-classico-pre-venda/

Sobre Memórias, Sonhos, Reflexões, de C. G. Jung

 “Apenas me consigo entender à luz de acontecimentos interiores, pois são estes que criam a singularidade da vida, e é deles que a minha autobiografia trata.” [C. G. Jung]”


Este livro é a biografia de um dos psiquiatras mais influentes dos tempos modernos, e foi realizada a partir dos seus discursos, conversas e escritos.

Na Primavera de 1957, quando tinha 81 anos, Carl Gustav Jung decidiu narrar a sua vida. Memórias, Sonhos, Reflexões é o resultado desse desejo, sendo composto por conversas com a sua colega e amiga Aniela Jaffé e por capítulos escritos pelo próprio Jung, entre outros materiais.

Jung escreveu as páginas finais do manuscrito dias antes de morrer, a 6 de Junho de 1961, o que torna este livro uma reflexão única sobre a vida e a obra do autor.


Memórias, Sonhos, Reflexões (trad. António Sousa Ribeiro) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/memorias-sonhos-reflexoes/

25.7.24

Sobre A Morte É Uma Flor, de Paul Celan

 “Talvez mais do que todos os que já conhecíamos, este último livro de Paul Celan (que ele, na ambiguidade do gesto de conservar os poemas, quis e não quis que fosse último) gravita à volta de um núcleo de sentido(s) que é o de sempre, mas de onde se destacam, com contornos mais nítidos, dois vectores maiores: a memória e o silêncio (poderíamos também dizer: a História e a Linguagem).” [Do Posfácio de João Barrento]


A Morte É Uma Flor (tradução e posfácio de João Barrento) e outras obras de Paul Celan estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/paul-celan/

Sobre Austerlitz, de W. G. Sebald

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Austerlitz, de W. G. Sebald (tradução do alemão e prefácio de António Sousa Ribeiro)


Austerlitz, publicado em Fevereiro de 2001, foi o último romance escrito por W. G. Sebald, sendo considerado a sua obra principal.

O protagonista é um refugiado judeu e historiador da arquitectura cujos pais morreram no Holocausto, tendo sido adoptado ainda criança por um casal católico inglês e só descobrindo a sua identidade judaica na idade adulta.

Como escreve António Sousa Ribeiro no prefácio, o livro “toma como título o nome da personagem principal, cuja voz, que domina toda a narrativa, vai progressivamente reconstruindo a sua própria história, em fragmentos concêntricos que se vão adensando ao longo da narrativa”.



W. G. Sebald nasceu a 18 de Maio de 1944 em Wertach, na Baviera, Alemanha.

Entre 1948 e 1963, viveu em Sonthofen.

W. G. Sebald teve constantes conflitos com o pai, sobretudo a partir dos dezassete anos, quando viu na escola um filme sobre os campos de concentração. O autor de Austerlitz nunca conseguiu que os pais falassem da guerra, tomando consciência de que eles tinham aceitado o regime de Hitler e beneficiado com ele.

Sebald estudou Literatura alemã e inglesa, primeiro na Universidade de Freiburg, na Alemanha, e depois na Universidade de Friburgo, na Suíça, onde se formou.

Foi leitor na Universidade de Manchester entre 1966 e 1969 e mais tarde na Universidade de East Anglia.

Morreu aos 57 anos num acidente de viação.

Austerlitz foi o último livro que escreveu, sendo considerado a sua obra-prima, uma espécie de ajuste de contas com o seu passado familiar. Mas desde a escrita de Os Emigrantes (1992) que a questão da memória e do esquecimento se tornara tema recorrente na sua escrita.


Mais informação em https://www.relogiodagua.pt/produto/austerlitz/

Sobre Anne de Avonlea, de L. M. Montgomery

 Com quase 17 anos, Anne Shirley é a nova professora da escola rural e uma ativa participante de grupos de desenvolvimento para Avonlea. Mas o seu temperamento mantém-se.

À alegria e graciosidade que tinha em Anne das Empenas Verdes, adiciona-se o charme da sua crescente feminilidade, assim como novas personagens que trazem ainda mais brilho à história.


Anne de Avonlea e Anne das Empenas Verdes (trad. Maria Eduarda Cardoso) de L. M. Montgomery estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/l-m-montgomery/

Sobre O Coração É Um Caçador Solitário, de Carson McCullers

 O Coração É Um Caçador Solitário foi o primeiro livro escrito por Carson McCullers, quando tinha 23 anos.

Depressa se tornou uma referência na literatura do século xx.

No sul dos Estados Unidos, numa vila da Georgia nos anos 30, num cenário desolado de intolerância racial e isolamento, John Singer, um surdo-mudo, torna-se de súbito confidente de um grupo de personagens marginais quando o seu único amigo, também surdo-mudo, é institucionalizado. 

Mick Kelly é uma adolescente, apaixonada pela música, sonha compor sinfonias e é filha dos proprietários da pensão onde Singer vive; Jake Blount é um agitador socialista que passa os dias alcoolizado; Biff Brannon é o desiludido proprietário de um pequeno café com desejos sexuais ambíguos; e Benedict Copeland é um médico negro que luta, em vão, pela igualdade racial. Todos sentem que não encaixam nos papéis que a sociedade lhes reservou, todos procuram à sua maneira preencher o vazio deixado pelos sonhos perdidos — e todos, por algum motivo, acham que Singer os compreende. 

Mas o impassível Singer procura apenas em cada visita arrancar o seu amigo à indiferença…


«Um livro notável… A escrita de McCullers é apaixonante.» [The New York Times]


«… a obra de Carson McCullers não se eclipsará com o tempo, antes irradiará cada vez com maior fulgor.» [Tennessee Williams]


O Coração É Um Caçador Solitário (trad. Marta Mendonça) e outras obras de Carson McCullers disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/carson-mccullers/

Sobre Coração das Trevas, de Joseph Conrad

 «Bastante mais terrível [do que o Inferno de Dante] é o de Coração das Trevas, o rio de África que o capitão Marlow sobe, entre margens de ruínas e de selvas, e que pode muito bem ser uma projeção do abominável Kurtz, que é a meta. Em 1889, Józef Teodor Konrad Korzeniowski subiu o Congo até Stanley Falls; em 1902, Joseph Conrad, hoje célebre, publicou em Londres Coração das Trevas, talvez o mais intenso dos contos elaborado pela imaginação humana.» [J. L. Borges]


Coração das Trevas (trad. Margarida Periquito) e outras obras de Joseph Conrad estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/joseph-conrad/

De Mistérios de Lisboa, de Camilo Castelo Branco

 «Tentar fazer um romance é um desejo inocente. Baptizá‐lo com um título pomposo é um pretexto ridículo. Apanhar uma nomenclatura, estafada e velha, insculpi‐la no frontispício de um livro e ficar orgulhoso de ter um padrinho original, isso, meus caros leitores, é uma patranha de que eu não sou capaz.

Se eu me visse assaltado pela tentação de escrever a vida oculta de Lisboa, não era capaz de alinhavar dois capítulos com jeito. O que eu conheço de Lisboa são os relevos, que se destacam nos quadros de todas as populações, com foro de cidades e de vilas. Isso não vale a honra do romance. Recursos de imaginação, se os eu tivera, não viria consumi‐los aqui numa tarefa inglória. E, sem esses recursos, pareceu‐me sempre impossível escrever os mistérios de uma terra que não tem nenhuns, e, inventados, ninguém os crê.

Este romance não é meu filho, nem meu afilhado.

Enganei‐me. É que eu não conhecia Lisboa, ou não era capaz de calcular a potência da imaginação de um homem. Cuidei que os horizontes do mundo fantástico se fechavam nos Pirenéus, e que não podia ser‐se peninsular e romancista, que não podia ser‐se romancista sem ter nascido Cooper ou Sue. Nunca me contristei desta persuasão. Antes eu gostava muito de ter nascido na terra dos homens verdadeiros, porque, peço que me acreditem, os romances são uma enfiada de mentiras, desde a famosa Astreia de Urfé, até ao choramingas Jocelyn de Lamartine.

Por consequência, diz o circunspecto leitor, vou‐me preparando para andar à roda num sarilho de mentiras.

Não, senhor. Este romance não é um romance: é um diário de sofrimentos, verídico, autêntico e justificado.» [Mistérios de Lisboa, p. 17]


Mistérios de Lisboa está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/camilo-castelo-branco/

Sobre Os Filhos do Vidreiro, de Maria Gripe

 Era uma vez duas crianças, Klas e Klara, filhos de um vidreiro, que vivia com a mulher na aldeia de Nöda, numa região com frequentes neblinas. Perto dali, no ermo de uma colina verde, habitava uma velha misteriosa chamada Adeja Tempoameno, que tinha um corvo, o Sábio, com olhos que viam, cada um deles, coisas diferentes.

Um dia as duas crianças foram levadas da casa dos pais, que viviam com dificuldades, e conduzidos para uma casa luxuosa e fantástica na Cidade dos Mil Desejos. Mas as duas crianças, oferecidas pelo senhor da casa à sua bela e infeliz esposa, ficaram cada vez mais tristes.


Maria Gripe é uma das mais famosas escritoras suecas de literatura infantil e juvenil, tendo obtido numerosos prémios, entre eles o Hans Christian Andersen em 1974.


Os Filhos do Vidreiro (trad. Yvonne Metello) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/os-filhos-do-vidreiro/

24.7.24

Sobre Per, o Afortunado, de Henrik Pontoppidan

 

Per, o Afortunado é o grande clássico da literatura dinamarquesa, tendo o seu autor recebido o Prémio Nobel da Literatura em 1917.

É um romance de formação, que acompanha a vida de Per Sidenius, filho de um pastor de uma pequena povoação dinamarquesa, na mudança do século XIX para o século XX.

Per revolta-se contra a rigidez familiar, procurando uma nova vida em Copenhaga, onde se torna engenheiro e persegue a sua realização pessoal.

A obra mergulha na crise cultural e social que agitou o continente europeu com a erupção da modernidade e as revoluções industrial e científica.

Na sua capacidade de compreender a crise de identidade dos europeus no início do século XX, a narrativa de Pontoppidan é comparável a Os Buddenbrook e A Montanha Mágica de Thomas Mann.


«Pontoppidan é um contador de histórias puro, e o escrutínio que realiza das nossas vidas e da sociedade põe-no no topo dos escritores europeus… Ele julga os tempos e, como um verdadeiro poeta, direciona-nos para um modo mais puro e honroso de sermos humanos.» [Thomas Mann]


«Henrik Pontoppidan governa a província das letras dinamarquesas com a mesma autoridade com que Lev Tolstói ou Henry James governaram as dos seus países. Per, o Afortunado é um dos maiores romances sobre a modernidade.» [The New York Review of Books]


Per, o Afortunado (trad. João Reis) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/per-o-afortunado/

Sobre O Senhor Swedenborg e as Investigações Geométricas, de Gonçalo M. Tavares

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Senhor Swedenborg e as Investigações Geométricas, de Gonçalo M. Tavares, com desenhos de Rachel Caiano


«O senhor Swedenborg acabara de sair da sala onde o senhor Brecht costumava contar as suas histórias (tempo que o senhor Swedenborg aproveitava para as suas investigações sobre astronomia), e dirigia ‑se agora, a passo rápido para não chegar atrasado, para mais uma conferência do senhor Eliot. Conferências essas em que o senhor Swedenborg aproveitava para se concentrar nas suas investigações geométricas.»


O Senhor Walser e a Floresta e O Senhor Brecht e o Sucesso e outras obras de Gonçalo M. Tavares estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/

Ripley com 13 nomeações para os Emmy

 

A série Ripley, com realização e argumento de Steven Zaillian, baseada nas personagens criadas por Patricia Highsmith está nomeada para 13 Emmy, incluindo nas categorias de Minissérie ou Antologia, Actor Principal em Minissérie (Andrew Scott) ou Antologia e Atriz Secundária em Minissérie ou Antologia (Dakota Fanning).

Os vencedores serão conhecidos a 15 de Setembro.

Mais informação aqui: https://variety.com/2024/tv/news/2024-emmy-nominations-list-1236074176/#recipient_hashed=515dfce689637446621df307c244ad917a011fbcd10e2a19d481255081ea6863&recipient_salt=e236a0c445dc5828501bab2506ec1b7a0b316c64eb9259515f9e281ac2652596&utm_medium=email&utm_source=exacttarget&utm_campaign=newsalert&utm_content=537276_07-17-2024&utm_term=271679


O Talentoso Mr. Ripley (trad. Mário-Henrique Leiria) e outras obras de Patricia Highsmith estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/patricia-highsmith/

Sobre Maternidade, de Sheila Heti

 Neste livro, Sheila Heti questiona o que se ganha e o que se perde no momento em que uma mulher se torna mãe, abordando a decisão mais importante da vida adulta com o candor, o humor e a originalidade que fizeram dela uma escritora aclamada por toda uma geração.


Elena Ferrante considerou-o um dos seus livros favoritos.


«Este livro de Sheila Heti tornar-se-á a literatura definitiva sobre o tema da maternidade.» [The Guardian]


«Esta investigação na relação da mulher com os aspectos morais, sociais e psicológicos da procriação é uma iluminação, uma provocação e uma resposta, em última análise, às novas normas da feminidade, formuladas com a mais profunda autoridade intelectual por uma mulher. Não é parecida com nada que tenha lido. Sheila Heti abriu novos caminhos quer na sua maturidade como artista quer nas possibilidades do próprio discurso feminino.» [Rachel Cusk]


«Essencial. Uma semificção semelhante à de escritores como Ben Lerner, Rachel Cusk e Teju Cole.» [The New York Times]


«Mais bem descrito como um ensaio filosófico na tradição de Montaigne.» [The Times Literary Supplement]


«Lembra-me Temor e Tremor, de Kierkegaard.» [Elif Batuman]


Maternidade, de Sheila Heti (tradução de Valério Romão), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/maternidade-pre-venda/

Sobre A Filha do Optimista, de Eudora Welty

 A Filha do Optimista, o livro que valeu o Pulitzer a Eudora Welty, conta-nos a história de Laurel McKelva Hand, uma jovem mulher que abandonou o Sul, regressando, anos depois, a Nova Orleães, onde o seu pai está a morrer.

Após a morte deste, Laurel e a sua provinciana madrasta regressam à pequena cidade no Mississípi onde Laurel havia crescido. Sozinha na sua antiga casa, Laurel chega a importantes conclusões sobre o seu passado, os seus pais e ela própria.


«O melhor livro escrito por Eudora Welty.» [The New York Times Book Review]


A Filha do Optimista (trad. Margarida Periquito) e outras obras de Eudora Welty estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/eudora-welty/

Sobre Matriz, de Lauren Groff

 

Por ser considerada vulgar e demasiado rude para casar ou usufruir de uma vida mais sofisticada, Marie de França, com apenas dezassete anos, é excomungada da corte real por Leonor da Aquitânia e recambiada para Inglaterra. Aí irá desempenhar a função de prioresa numa abadia empobrecida cujas freiras estão assoladas por doenças.

Abalada pela dureza da sua nova vida, Marie encontra ânimo na existência coletiva com as suas irmãs, ao lado de quem substitui o seu desejo por constituir família, as saudades da sua terra natal e as suas paixões enquanto adolescente por algo que lhe é inteiramente novo: uma convicção nas suas próprias visões divinas.


«Uma exibição de talento da autora. Em cerca de 250 páginas dá-nos uma personagem que rivaliza com Thomas Cromwell, de Hilary Mantel.» [USA Today]


Matriz, de Lauren Groff (tradução de Marta Mendonça), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/matriz-pre-publicacao/

23.7.24

Sobre A Cartuxa de Parma, de Stendhal

 

«Quantos jovens não sentirão uma súbita paixão pelas primeiras páginas de A Cartuxa de Parma, convencendo-se, de imediato, de que é, sem dúvida, o mais belo romance do mundo, reconhecendo nele o romance que sempre quiseram ler e que lhes servirá de pedra-de-toque para todos os que vão ler depois! (Refiro-me sobretudo aos primeiros capítulos; à medida que se avança na leitura deparamos com um romance diferente, com vários romances entre si distintos, que vão exigir algumas alterações no modo de participar no que aí se passa; mas o impulso inicial continuará a fazer sentir o seu efeito.)» [Italo Calvino]


A Cartuxa de Parma (trad. Adolfo Casais Monteiro) e outras obras de Stendhal estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/stendhal/

Sobre Sobre Franz Kafka, de Max Brod

 

«Clichés mais ou menos inofensivos como este são agora colocados em perspetiva no notável volume Sobre Franz Kafka, editado pela Relógio D’Água (tradução de Susana Schnitzer da Silva e Ana Falcão Bastos), que reúne os três escritos fundamentais de Max Brod sobre esse seu contemporâneo e amigo próximo: Franz Kafka, Uma Biografia, A Fé e a Doutrina de Franz Kafka e Desespero e Redenção na Obra de Franz Kafka. Um livro da autoria do executor testamentário desse ícone checo de língua alemã a surgir no ano do centenário da morte, a 3 de junho, em jeito de reflexão sobre o lugar da sua obra num mundo que, segundo Brod, reteve mais facilmente os elementos “excêntricos” da sua literatura do que a luz escondida na escuridão das suas palavras.» [Inês N. Lourenço, DN, 20/7/2024: https://www.dn.pt/5503334670/um-amigo-chamado-kafka/]


Sobre Franz Kafka, de Max Brod (tradução de Susana Schnitzer da Silva e Ana Falcão Bastos), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/sobre-franz-kafka/


As obras de Franz Kafka editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/franz-kafka/