«O autor então escreve o que poderia ser o lema da primeira parte de Do Amor, em 1818: "Faço todos os esforços possíveis para ser 'seco'. Quero impor silêncio ao meu coração que julga ter muito para dizer." E tem, e é nos interstícios desse balançar que mais nos comove. Não correspondido, tudo nesse amor será patética e prosaicamente escalpelizado, feito até um périplo geográfico pelos costumes, de França aos EUA, passando pela Arábia, na tentativa de forjar uma ciência, uma "ideologia" que devolvesse racionalmente ao espírito o informe, dissecando-o ponto por ponto mas sem sucesso.»
«Voltemos a O Vermelho e o Negro, livro para férias e para sempre, talvez a obra-prima de Stendhal: quem poderá esquecer a paixão extrema de Madame de Rênal e de Mademoiselle Mathilde La Molle por Julien Sorel, os seus meandros, psicológicos e epocais, essa cartografia algo shakespeareana do amor, da ambição e da morte como única forma de expiação.»
[Maria Conceição Caleiro, Ípsilon, 13AGO2010]