15.10.24

No 102.º aniversário do nascimento de Agustina Bessa-Luís

 Relógio D’Água lança uma edição de «A Sibila» ilustrada por Frederico Draw, quando se comemora o 102.º aniversário do nascimento de Agustina Bessa-Luís.


«Foi há dez anos que o milagre, já anteriormente preparado, teve lugar na praça pública. […] O que Sibila e a sua descendência significam não precisa de ser sublinhado por contraste. Mas este mundo romanesco, pelo seu simples aparecimento, deslocou o centro da atenção literária.» [Eduardo Lourenço]


«Há, em A Sibila, como em muitos livros de Agustina, uma implacável luta pelo poder. Mais do que uma luta de classes, menos do que uma luta de classes: a luta é entre indivíduos. Dinheiro, número de filhos, sucesso com as mulheres ou com os homens, eis alguns índices relevantes, armas nesta luta. Uma história do poder: quem sobe, quem desce. E porquê.» [Gonçalo M. Tavares]


A edição comemorativa dos 70 anos de «A Sibila» estará disponível em breve. Outras obras de Agustina Bessa-Luís estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/

De Carta ao Pai, de Franz Kafka

 «Claro que não quero dizer que aquilo que sou se deve apenas à tua influência. Seria um grande exagero (e eu até tenho tendência para estes exageros). É bem possível que, mesmo se tivesse crescido completamente fora da tua influência, não conseguisse vir a ser um indivíduo a teu contento. Ter-me-ia tornado, talvez, um indivíduo mais fraco, mais ansioso, mais indeciso, mais inquieto, nem um Robert Kafka, nem um Karl Hermann, mas um ser completamente diferente daquilo que sou, e teríamos conseguido dar-nos às mil maravilhas. Ter-me-ia sentido feliz por te ter como amigo, chefe, tio, avô, e até mesmo (se bem que com alguma reserva) como sogro. Só que como pai foste forte de mais para mim, sobretudo atendendo a que os meus irmãos morreram de tenra idade, e que só muito mais tarde viriam as minhas irmãs, pelo que tive de aguentar o primeiro embate completamente sozinho, sendo eu fraco de mais para isso.»


Carta ao Pai (trad. Maria Lin de Sousa Moniz) e outras obras de Franz Kafka estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/franz-kafka/

Sobre A Morte de Virgílio, de Hermann Broch

 A Morte de Virgílio é um dos maiores romances do século xx, uma vasta meditação lírica que exprime inquietação sobre a morte, o sentido da vida e a possibilidade de conhecer o mundo.

Construído com um monólogo interior em que se entrecruzam tempos e espaços, o livro tem um estilo em ruptura com as normas narrativas tradicionais. 

Foi a própria morte do poeta Virgílio que serviu de ponto de partida à elaboração desta obra de concepção sinfónica. Virgílio morreu aos 51 anos, em Brindisi, a 21 de Setembro do ano 19 a. C., no regresso de uma viagem à Grécia, onde contraíra malária. Desiludido com o seu tempo, quis, no decurso dos seus últimos dias, destruir o manuscrito da Eneida.

O livro começa com a chegada da frota romana ao porto de Brindisi, levando consigo o poeta já moribundo, enquanto em terra se preparam os festejos que hão-de acolher o imperador.


«A Morte de Virgílio, uma das obras maiores do nosso tempo, tenta vitalizar a linguagem através da lógica contrapontística e das simultaneidades dinâmicas da música. Mais radicalmente do que Joyce, Broch subverte a organização temporal e a progressão linear sobre as quais a ficção em prosa habitualmente se constrói. O seu estilo tem um sortilégio inquietante. (…) A escrita contemporânea ainda mal começou a explorar as sugestões de Broch.» [George Steiner, em Literatura e Pós-História]


A Morte de Virgílio (trad. Maria Adélia Silva Melo) e Os Sonâmbulos (trad. António Sousa Ribeiro) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hermann-broch/

Sobre Libra, de Don DeLillo

 Neste romance, Don DeLillo dá-nos uma versão ficcional mas convincente do assassínio de John F. Kennedy através da descrição do percurso de Lee Harvey Oswald, da sua perturbada adolescência até à idade adulta, em que se imagina um agente da História.

Tudo se passa numa atmosfera de derrube do grande sonho americano em que as figuras reais surgem misturadas com personagens de ficção.

DeLillo mergulhou na realidade histórica — agentes secretos, ativistas de direita e de esquerda, mafiosos, strippers, traficantes de droga, CIA, FBI, KGB — para melhor caracterizar o assassino de Kennedy, que por sua vez será morto diante das câmaras aos olhos de todo o mundo. Com esta personagem, DeLillo criou um anti-herói de um romance absorvente que mostra uma vez mais que um grande escritor nos pode levar mais longe no caminho da verdade do que as investigações oficiais.


Finalista do National Book Award na Categoria de Ficção.


«O melhor romance de DeLillo.» [Anne Tyler, The New York Times]


«Muita da ficção inicial de DeLillo parece agora um prelúdio brilhante à escrita deste livro.» [London Review of Books]


Libra (tradução de Paulo Faria) e outras obras de Don DeLillo estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/don-delillo/

Sobre Humano, demasiado Humano, de Friedrich Nietzsche

«Para compreender melhor estas teses, devemos aperceber-nos de como a moral aparece sempre ligada à origem de uma comunidade e à incorporação das leis que esta instituiu para se preservar. A parte mais importante do “Humano, Demasiado Humano" dedica-se à análise deste lento processo comum a todas as culturas, aparentemente contraditório, mas apenas em aparência. Ninguém poderá ficar indiferente às descrições que o “Humano, Demasiado Humano” nos oferece desse processo, certamente de imenso valor sociológico e psicológico.» [Do prefácio de António Marques]


Humano, demasiado Humano (trad. Paulo Osório de Castro) e outras obras de Friedrich Nietzsche estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/friedrich-nietzsche/

De O Cuidado de Si, de Michel Foucault

 «Começarei pela análise de um texto bastante singular. É uma obra de “prática” e de vida quotidiana; não um texto de reflexão ou de prescrição moral. É o único texto, entre os que nos ficaram dessa época, que apresenta uma exposição um tanto sistemática das diferentes formas possíveis de actos sexuais; não produz, em geral, de modo directo e explícito juízos morais a propósito desses actos; mas subentende esquemas de apreciação geralmente aceites. E pode-se constatar que estes estão muito próximos dos princípios gerais que organizavam já, na época clássica, a experiência moral dos aphrodisia. O livro de Artemidoro constitui, por isso, uma referência. É testemunho de uma perenidade. Atesta um modo corrente de pensar. Por isso mesmo, permitirá avaliar o que pôde existir de singular e de parcialmente novo no trabalho de reflexão filosófica e médica efectuado nessa época sobre os prazeres e sobre a conduta sexual.» [p. 9]


O Cuidado de Si — História da Sexualidade III (trad. Manuel Alberto) e outras obras de Michel Foucault estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/michel-foucault/

14.10.24

Sobre Desfile, de Rachel Cusk

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Desfile, de Rachel Cusk (Tradução de Alda Rodrigues)


Trata-se de um inovador romance sobre arte, a evolução das mulheres e a violência.

A meio da sua vida, um artista começa a pintar as coisas de pernas para o ar.

Em Paris, uma mulher é atacada por um estranho na rua.

Uma mãe morre. Um homem salta para a morte. Casais procuram terras distantes.

Este novo romance de uma das mais importantes escritoras atuais põe em movimento um carrossel de vidas. O livro ultrapassa os limites da identidade, os modos de ser, os enredos, para nos contar uma história sobre arte, família, moralidade, género e o modo como nos fazemos a nós próprios.


Desfile e outras obras de Rachel Cusk estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/rachel-cusk/