1.6.21

Sobre Correspondência de Agustina Bessa-Luís e Juan Rodolfo Wilcock

 



«— O que destacaria neste livro onde conseguiu reunir e traduzir 57 cartas da sua avó e Wilcock?
— Estas cartas parecem-me oferecer um excelente complemento para o conhecimento de uma época, de um temperamento e do reconhecimento de uma amizade entre dois autores. Demorámos muito tempo a encontrar as cartas escritas por Agustina. Nem sabíamos se ainda existiam. Felizmente, Wilcock tinha-as guardado e reunido num envelope. Ele morreu em 1978, portanto elas existiam, guardadas há muitos anos, só tivemos conhecimento da sua existência em 2017. Usando a mesma ideia de Alain Robbe-Grillet de que “o livro existe e pode esperar”, as cartas, o livro, também puderam esperar.

[…]

— O que é que havia em Juan Rodolfo Wilcock que tanto a fascinava e, ao mesmo tempo, exasperava?
— A sua inteligência, a sua cultura, o seu desembaraço, a sua ironia. Agustina respeitava-o na sua excentricidade. Depois é preciso ver que Itália nestes anos vivia o chamado “milagre económico” que, apesar dos excessos, teve a sua repercussão na cultura, e que em Portugal ainda se vivia num ambiente demasiado acanhado. Para uma pessoa culta e informada viver num meio assim, e poder relacionar-se com pessoas que habitavam na antítese deste clima, seria um autêntico sopro.
» [Joana Emídio Marques, entrevista com Lourença Baldaque, Observador, 23/5/2021: https://observador.pt/2021/05/23/agustina-bessa-luis-e-juan-rodolfo-wilcock-as-cartas-trocadas-por-dois-genios-insolentes/]


Correspondência (1959-1965), de Agustina Bessa-Luís e Juan Rodolfo Wilcock, e outras obras de Agustina Bessa-Luís já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/

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