1.4.21

Sobre «O Problema dos Três Corpos», de Liu Cixin


«Para quem gosta de ficção científica pura e dura, “O Problema dos Três Corpos” revela-se um verdadeiro maná. De antologia é a sequência em que se descreve, nas agrestes paisagens de Trisolaris, a criação de supercomputadores com 11 dimensões (quando já reduzidos a três, ficam com o tamanho de uma partícula subatómica: um protão), sendo que dois destes dispositivos são enviados para a Terra com o ojetivo de funcionarem como um “cadeado” que bloqueia a atividade científica, impedindo avanços tecnológicos nos séculos seguintes que ponham em causa a invasão. Esse bloqueio materializa-se num “assassínio” da ciência, em que as leis da Física deixam aparentemente de ser homogéneas no espaço e no tempo, tornando obsoletos os aceleradores de partículas, o que conduz os melhores cientistas ao desespero e, nalguns casos, ao suicídio.
Saltando entre várias épocas e registos, incluindo descrições pormenorizadas de um jogo virtual sofisticadíssimo (usado para arregimentar “traidores” à causa humana, acaba sendo uma interface para tornar cognoscível a estranheza de Trisolaris), os múltiplos planos da narrativa não se compadecem com esboços ou resumos. É preciso entrar no labirinto para compreender o que lá se passa. E a aventura vale a pena, nem que seja pelas espantosas imagens que nos ficam gravadas na memória.»

[José Mário Silva, «Três tristes sóis», «E», 2021/04/01]

«O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin está disponível em: https://relogiodagua.pt/produto/o-problema-dos-tres-corpos/

 

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